Venda da Oi Móvel, união de operadoras, streaming cada vez mais forte… quais foram os fatos relevantes em um ano marcado pela pandemia?
Relembrar 2020 não é uma tarefa fácil, afinal, são muitos acontecimentos e, provavelmente, um ano diferente do que todos imaginavam.
Tudo por causa de uma grande e indesejada protagonista: a pandemia do coronavírus.
Enquanto a doença assolava o mundo, diversos setores precisaram se reinventar para lidar com o grande buraco econômico que crescia, cada vez mais. Nas telecomunicações não foi diferente.
Mas, o “baile seguiu” e as questões que não foram tão gravemente afetadas pela pandemia tiveram a esperada (e às vezes surpreendente) continuidade.
Aqui, vamos aos destaques de 2020 pela análise do Minha Operadora:
O protagonismo da PANDEMIA…
Entre os fatos marcantes do ano, é impossível não a enxergar como uma catalisadora de muitos eventos nas telecomunicações.
A reclusão domiciliar, aos poucos, se mostrou frutífera para o setor, que viu a demanda pelas conexões de banda larga crescer, principalmente as que possuem tecnologia de fibra óptica.
Entretanto, nem tudo são flores. Afinal, atividades de trabalho, educação, lazer e comunicação estavam concentradas na internet.
O lucro saía na mesma proporção que entrava. Gastos com infraestrutura se mostraram ainda mais necessários para as operadoras e uma preocupação surgiu: a sobrecarga.
Nessa parte, até mesmo as plataformas de streaming entraram em ação e diminuíram a qualidade dos vídeos para não comprometer as conexões. O movimento financeiro permanecia complexo.
Se a demanda cresceu por um lado, diminuiu de outro. Afinal, pontos físicos de recargas foram fechados e as lojas oficiais deixaram de vender também smartphones e planos, já que não estavam em operação.
Portanto, não deixou de ser um momento complexo e desafiador, com o ponto positivo de ter mostrado o quanto as telecomunicações são necessárias.
A inédita UNIÃO
Em meio a tantas dificuldades, as operadoras enxergaram uma saída: dar as mãos. Claro, Vivo, Oi, TIM e SKY se uniram em uma ação inédita.
Juntas, as empresas pensaram em ações para diminuição do impacto da pandemia.
Entre elas: bônus de internet no celular, canais liberados na TV por assinatura e até mesmo uma maior tolerância para inadimplentes.
No entanto, não demorou até que as antigas disputas de mercado voltassem a reinar no mundo das telecomunicações.
A Oi deu a volta por cima?
Em 2019, havia uma certeza sobre a Oi: a operadora estava disposta a se reestruturar e se tornar uma “empresa de fibra”.
Contudo, as dívidas ainda se faziam presentes, além dos efeitos do defasado serviço de cobre e a tão comentada recuperação judicial. Fatores que faziam os consumidores desacreditarem da marca.
Muitos juravam que não havia outra saída a não ser uma venda na totalidade, mas os executivos, comandados pelo CEO Rodrigo Abreu, se mostraram mais estratégicos do que muitos imaginavam.
Um plano sólido surgiu e o grupo foi dividido em cinco unidades: torres, data center, TV por assinatura, telefonia móvel e fibra óptica.
Dessas, apenas a última restaria, apesar de ter seu controle acionário ofertado. Foi a estratégia da operadora para financiar o futuro de sua operação e continuar com a oferta de banda larga via fibra óptica, em expressivo crescimento.
E fechamos 2020 com a Oi Móvel vendida para Claro, TIM e Vivo, em uma divisão estratégica. Mas, falta a aprovação do CADE e da Anatel.
Ativos de torres e data center também já foram vendidos. As jogadas estratégicas reverteram o cenário de “desacreditada” da Oi, até mesmo na Bolsa de Valores.
Para o futuro, vamos descobrir se a estratégia será suficiente para sustentar a futura operação do grupo.
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E o 5G, Bolsonaro?
Um dos temas mais afetados pela pandemia foi o 5G. Muitos aguardavam por um leilão de frequências ainda em 2020, mas o novo coronavírus veio para atrasar todo o processo.
No entanto, outro debate roubou o protagonismo na questão do 5G e vem diretamente da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
A proximidade entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump fez com que os Estados Unidos pressionassem o Brasil para banir a chinesa Huawei do fornecimento de equipamentos para a nova conectividade.
Ao longo do ano, o debate acirrou com representantes do Governo Federal em posicionamentos contra e a favor, além de especialistas da área.
Quando as operadoras entraram em cena, o imbróglio ficou ainda maior, já que um possível banimento provocaria uma substituição dos equipamentos do 3G/4G por parte das teles, que são clientes da Huawei.
Obviamente seria um processo de alto custo, com chances de atrapalhar até mesmo a futura aquisição de frequências do 5G.
Por fim, a vitória de Joe Biden diminuiu a pressão, apesar de uma possibilidade de continuação.
Um diálogo entre o governo e as operadoras prometeu um leilão de viés técnico e não ideológico. Agora, nos resta aguardar para ver o desenrolar dessa história, assim como a decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre a Huawei.
5G DSS
Não tem 5G, mas tem “5G DSS”! A Claro foi a primeira a anunciar a tecnologia, que utiliza a frequência do 4G para prover uma experiência de quinta geração.
A velocidade obviamente não é a mesma, mas atinge aproximadamente 500 Mbps – ao menos é a promessa.
Com a ação da operadora, Vivo e Oi também embarcaram na tecnologia e a disponibilizaram para seus clientes em determinadas regiões.
Já a TIM, apesar de explorar o “5G DSS” para criar uma banda larga móvel, denunciou a Claro por anunciar a “primeira rede 5G do Brasil” e chamou a conectividade de “marketing”, pela voz de seu presidente.
TIM Beta na berlinda!
O pré-pago premium e queridinho da TIM, que há anos carrega uma poderosa base de clientes, parou no tempo!
A situação ficou ainda mais complexa quando a operadora anunciou um aumento em janeiro, mas o plano ganhou WhatsApp ilimitado, novos serviços (Skeelo e Babbel) e o reajuste demorou a ser aplicado.
Agora, em dezembro, ganhou uma renovação total e extinguiu as cobranças diárias e semanais, assim como o Deezer.
Mesmo com reações contrárias, o TIM Beta segue com muitos gigas para quem precisa de internet móvel por um preço mais acessível que os planos pós-pagos.
Pré-pago voltou a ser estratégico?
No balanço financeiro das operadoras, era comum vê-las comunicar sobre o constante incentivo a migração de pré-pagos para o pós-pagos.
Afinal, era uma maneira de fidelizar clientes e dar uma maior frequência nas receitas de telefonia móvel.
Mas, todas parecem ter encontrado uma maneira de “fidelizar” consumidores, mesmo que eles estejam no pré-pago.
A saída foram os planos diários, semanais e mensais, com frequentes renovações.
A própria TIM explorou sua parceria com o C6 Bank e também criou o programa de benefícios TIM + Vantagens para deixar pré-pagos ainda mais fidelizados ao consumo.
Ficou a conclusão de que o setor voltou a ser constantemente movimentado de ofertas.
Streaming e IPTV X TV por assinatura
Na questão do streaming e da TV por assinatura, o “baile seguiu”!
Plataformas como Netflix, Amazon Prime Vídeo e Globoplay ficaram ainda mais fortes durante a pandemia do coronavírus, que aumentou a procura por serviços de entretenimento.
A TV por assinatura também teve seu momento de alta, principalmente na audiência dos canais fechados, mas continua em declínio.
A decisão da Anatel, que deu vitória à FOX e permitiu que a empresa vendesse canais on-line, deu vida ao mercado das IPTVs legalizadas.
Com o fim de ano, acompanhamos o surgimento da Pluto TV, que é totalmente gratuita, assim como o retorno da marca DirecTV, com o serviço DirecTV Go.
Por último e não menos importante, o Disney+ chegou ao Brasil com a promessa de entregar produtos de peso e bater de frente com outros players do mercado.
É um mercado que se transforma na medida que o consumidor busca opções mais flexíveis de consumo.
Fim da novela: SKY e Warner nas mãos da AT&T
Outra relevante mudança no mercado de entretenimento e telecomunicações foi a aprovação da compra da Warner no Brasil.
A norte-americana AT&T ficou pendente na Anatel durante anos, já que controlava a SKY no Brasil e comprou a WarnerMedia.
Na prática, a aquisição esbarrava na Lei do SeAC (Serviço de Acesso Condicionado), também conhecida como Lei da TV por assinatura, que proíbe uma corporação de controlar empresas de distribuição (SKY) e produção (Warner), ao mesmo tempo.
O argumento utilizado para derrubar o bloqueio foi que a WarnerMedia não era sediada no Brasil.
Mas, até a Anatel aceitar, até mesmo a família do presidente Jair Bolsonaro opinou sobre a questão e pressionou a aprovação da compra.
Falou-se até mesmo em mudar a Lei da TV por assinatura, considerada defasada.
A vez dos regionais e as redes neutras
Para finalizar, destacamos a participação cada vez mais expressiva dos provedores regionais no mercado de banda larga fixa.
A liderança veio em 2019, mas o ano de 2020 mostrou o quanto essas prestadoras se tornaram estratégicas, com reflexos até mesmo na Bolsa de Valores.
Deixamos aqui menções honrosas ao ambicioso projeto da Brisanet, que criou até mesmo franquia para cobrir o Nordeste de fibra óptica e a bilionária venda da Copel Telecom, por R$ 2,4 bilhões.
Agora, quem corre atrás de conquistar a liderança é a Oi, que fará da fibra óptica seu principal produto.
Mas, as grandes operadoras pensam nas redes neutras como estratégica. Vivo e TIM também planejam as suas, sem falar na própria empresa de infraestrutura da Oi, a InfraCo.
O que esperar de 2021?
Na TV por assinatura, a espera é uma por uma transformação. Afinal, não há mais cenário para insistir em um modelo tão defasado de negócio quanto o empacotamento.
As operadoras vão se render ao formato das IPTVs ou será mais um ano de patinação em meio a uma gigante perda de espaço para o digital?
A fibra óptica continuará sendo a “menina dos olhos” para o mercado, que provavelmente está em uma disputa ainda maior, mas também mais flexível, com a chegada das redes neutras.
Já a telefonia móvel precisa e deve se preparar para o 5G, cuja expectativa é por um ano de avanços em relação ao tema.