22/12/2024

‘Nosso grande herói em audiência é a TV aberta’, diz CEO da Loading

Em entrevista exclusiva, diretor executivo comenta o sucesso do novo canal voltado para o público jovem.

Thiago Garcia, CEO da Loading

Lançado em dezembro do ano passado, o canal Loading tem chamado a atenção por transmitir conteúdo voltado exclusivamente para o público jovem.

Acessível na TV aberta, TV Paga, na web e também nas redes sociais, o canal tem na programação conteúdo focado na cultura pop, séries, games, esports, animes e k-dramas, algo considerado inovador para a TV brasileira.

Essa novidade tem sido traduzida em bons números de audiência.

Em menos de um mês no ar, o canal já atingiu audiência de 10 milhões de usuários, segundo a Kantar Ibope, e manteve uma média de 1,5 milhão de telespectadores diários no mês passado.

Em entrevista exclusiva ao Minha Operadora, Thiago Garcia, ex-gerente de pesquisa da Rede Globo e atual CEO da Loading, comenta que apesar da entrega de conteúdo ser em diferentes meios, a TV aberta ainda é o “grande herói em audiência”.

“A gente fala sobre o fim da TV e a era do streaming, mas esquecemos que a população brasileira majoritariamente não tem uma conexão de qualidade com a internet para ter uma boa experiência com plataformas digitais. Ou simplesmente não pode gastar com isso”, explica.

Segundo o executivo, o canal Loading já está realizando testes em uma “fase 2”, aplicando alguns conceitos novos e tentando quebrar a inércia e paradigmas da indústria.

Ele promete que “coisas novas surgirão”, como o novo programa de esports, o MVP.

O programa já está entrando na grade do canal e é esperado que ele se torne um “herói da programação”, pois coloca o esports em evidência para um público em crescimento no país.

“Vamos cada vez mais criar maneiras de falar com esses gamers dentro das plataformas da Loading”, completa Garcia.

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Confira os principais trechos da entrevista com Thiago Garcia, o CEO da Loading.

Qual foi o fator motivador que levou ao lançamento do canal Loading?

A inspiração para colocar a ideia do canal multiplataforma de pé é fruto da convergência de 3 frentes:

A primeira delas é que o grupo Kalunga tinha a concessão do antigo canal da MTV, adquirido em 2014 por meio de leilão público. Logo, existia a infraestrutura para o projeto e, principalmente, o sinal.

A segunda frente é resultado da minha expertise como ex-líder de consumer insights da Rede Globo. Tive a oportunidade de acompanhar o mercado de produção e distribuição de conteúdo durante muitos anos. Com o conhecimento técnico, identificamos uma grande oportunidade no mercado devido o público jovem de espírito estar mal representado nos meios atuais. Ninguém fala com relevância com esse público.

E a terceira frente é o amor que todos os profissionais que estão na operação tem por conteúdos relacionados com cultura pop oriental, ocidental, esports e games. A Loading tem como objetivo ser a casa desses conteúdos no Brasil e não existe como falar com essas comunidades hoje sem o cuidado com a curadoria e o tratamento de excelência que esses conteúdos merecem.

A convergência dessas três frentes: infraestrutura, conhecimento do comportamento do público e o amor que temos pelo conteúdo inspiraram a criação da Loading.

Nesses primeiros meses no ar, a Loading tem conquistado números expressivos de audiência, inclusive ultrapassando canais tradicionais da Grande São Paulo, como TV Cultura, RedeTV ou TV Gazeta. Ao que você atribui esse sucesso inicial?

Falamos diretamente com o público jovem, que já há algum tempo não se sentia representado pelos canais tradicionais. Como esse jovem não encontrava um broadcaster que o acolhesse, acabou migrando toda a sua atenção para outros meios de distribuição de conteúdo. Ou seja, não quer dizer que o jovem não assiste TV, e sim que ele não se conectava aos conteúdos que estavam sendo exibidos. Quando a Loading chegou, com a proposta de devolver o conteúdo dele para ele, e ainda distribuí-lo em múltiplos canais, ele se reconectou com o meio TV. Essa força vem do conteúdo que a Loading exibe. É pra eles e por eles. Esse é o nosso propósito. Mesmo nossa entrega sendo 360º, o grande herói em audiência é a TV aberta. Até porque, falando de experiência do usuário, a TV ainda é o caminho mais simples do usuário ao conteúdo. Basta ligar a TV, digitar o 32 e pronto.

Por que o país precisa de um canal voltado para o universo geek e gamer?

Até então, a TV aberta brasileira não possuía um canal jovem ou de entretenimento que se preocupasse em entregar conteúdo de qualidade 24/7. Era um espaço vago, coberto apenas por quem pagava para ter acesso aos canais pagos ou serviços de streaming.

Os fãs de cultura pop, cultura oriental, games e esports só aumentam no país. Ainda assim, são conteúdos pouco democráticos e escassos. O nosso objetivo é trazer entretenimento democrático para os jovens de espírito de todos os cantos do país.

Qual a estratégia do canal para conquistar a audiência do público mais jovem, que está mais acostumado a consumir conteúdos na internet?

A gente fala sobre o fim da TV e a era do streaming, mas esquecemos que a população brasileira majoritariamente não tem uma conexão de qualidade com a internet para ter uma boa experiência com plataformas digitais. Ou simplesmente não pode gastar com isso. Sendo assim, o on demand, como meio, não é nada democrático. A Loading chega como uma solução de entretenimento também para esse público que hoje está totalmente desassistido. Não só em relação ao conteúdo, mas em termos de acesso também. A realidade do país é muito diferente do que a gente imagina quando observa os grandes centros.

Por isso, estar na TV aberta é uma forma de garantir o acesso a um conteúdo que, em grande parte, só é possível ser consumido pela web ou celular. É dar pertencimento às pessoas e comunidades de fãs. Não importa a condição financeira, a Loading existirá para todos, sem que ninguém precise pagar por ela. Conteúdo livre!

Ana Xisdê, apresentadora do programa MVP
Ana Xisdê, apresentadora do programa MVP

Com a emergência das plataformas streaming e a mudança no comportamento dos usuários buscando por conteúdos sob demanda (assistindo na hora e local que eles quiserem), você ainda vislumbra um futuro promissor para os canais e programas ao vivo?

Os conteúdos ao vivo têm algo que o conteúdo VOD não consegue entregar devido justamente ele ser sob demanda: a interação com o público e convidados em tempo real. No ao vivo você pode trazer alguém da audiência para interagir com o conteúdo do programa e com algum ídolo que esteja no estúdio. Essa versatilidade só o ao vivo traz. Outro ponto que vale frisar, é que uma das missões da Loading é dar representatividade ao jovem. A gente só consegue fazer isso escutando ele e dando voz a ele dentro da programação. Por isso os nossos programas originais, em sua maioria, têm exibição ao vivo. A gente busca a interação com o usuário sempre.

Quais são os planos futuros da Loading para o segmento streaming?

Nosso time de engenharia tem estudado várias possibilidades de dar uma melhor experiência para os usuários da Loading como um todo. Uma delas é melhorias em nosso simucast, uma melhor distribuição do nosso conteúdo VOD original e a criação de um APP, para celulares e Smart TVs. Assim acreditamos que vamos conseguir nos conectar ainda mais com nossa audiência.

A Loading tem distribuído conteúdo de graça na TV aberta, redes sociais e também no YouTube. Como a empresa espera atrair a atenção de anunciantes para manter a operação?

Nossa proposta de valor é gerar para o B2B conexões com o público jovem. A gente sabe o quanto é difícil falar com esse target. E acreditamos poder fazer esse link entre anunciante e jovens de maneira 360 e na linguagem dele. Ou seja, a Loading não é só um veículo de mídia que vende espaço publicitário. A gente entende esse jovem urbano, moderno e de todas as classes sociais de uma maneira única, pois ele está 24 horas dentro da nossa plataforma. Acreditamos que isso é ouro para qualquer marca. Até porque, essa galera em sua maioria são early adopters, ou seja, são as pessoas que construirão a sociedade de consumo do amanhã. Se as marcas não se conectarem com eles, tendem a ver o consumo de seus produtos arrefecerem em um médio/longo prazo. Falar com o jovem é construir o amanhã das marcas. E só a Loading consegue falar com ele dentro de uma plataforma única.

Quais são as suas perspectivas para o mercado de entretenimento para o ano de 2021?

A gente acredita que tende a se aquecer ainda mais. Com a pandemia, as pessoas estão ficando mais tempo em casa. E o tempo que antes era dedicado a deslocamentos entre um ponto e outro para estudo, compras e trabalho, hoje está sobrando para as pessoas aplicarem em outros momentos de suas jornadas diárias. Boa parte desse “tempo-extra” a gente sabe, através de pesquisas, está indo para o consumo de entretenimento. Nós acreditamos que isso é uma tendência. Que mesmo após a pandemia, a sociedade não voltará a como era antes. Principalmente em relação a algumas comodidades como compras online e a não necessidade de deslocamentos diários. Isso deve perdurar e o tempo economizado é provável que continue dentro do entretenimento audiovisual.

Há planos para explorar outros mercados de nicho, além do universo geek e gamer?

Se estiver dentro do universo jovem e for algo que se conecte com ele, sim. O core da nossa operação é ser human centric. É o jovem que constrói a plataforma Loading. Se surgir algo que é importante para o jovem como entretenimento, a gente vai tentar trazer pra ele dentro da programação da Loading, ou dentro de um de nossos pontos de contato.

Abaixo você confere um exemplo de programa transmitido no canal Loading.

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