Descubra o que faz a chamada Geração Z preferir telefones nada inteligentes, que apenas fazem e recebem ligações.
Cada vez mais jovens da Geração Z — pessoas que nasceram entre 1995 e 2010 — estão deixando de lado seus smartphones e passando viver um estilo de vida que melhora a saúde mental deles, segundo os próprios.
Um dos jovens entrevistados pela Huck Magazine nos Estados Unidos disse que seu telefone inteligente quebrou em janeiro do ano passado. A maioria das pessoas na idade dele correria para substituir o dispositivo.
Mas para Eden, de 22 anos, não houve pressa. “Eu estava ficando muito incomodado com a quantidade de tempo que estava perdendo com ele, então quando quebrou eu fiquei sem celular por um mês”, contou.
Nesse intervalo, Eden disse que reparou em uma “melhora massiva” no humor e liberdade para pensar. Por conta das dificuldades em se comunicar com as pessoas quando fora de casa, reconsiderou seu estilo livre de telefones.
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Mas em vez de comprar outro smartphone, preferiu os chamados “dumbphones”: um Nokia 130. De quebra, Eden excluiu a maioria das contas em redes sociais, menos o Facebook, que ele usa no computador de casa.
Ele não é o único jovem a trilhar esse caminho. A Geração Z passa em média 29 horas por semana olhando para uma tela, com quase metade deles (48%) dizendo que as redes sociais os fazem sentir “tristes, ansiosos ou deprimidos”.
Durante a pandemia, que fez as pessoas ficarem cada vez mais grudadas em seus aparelhos, os jovens da Geração Z se viram com a saúde mensal sucumbindo devagar ao assistir lentamente o mundo entrar em mais uma crise.
Não é à toa, portanto, essa perceptível mudança de hábitos. Jade, 23, é outra dessas pessoas que substituiu o telefone esperto por um tijolo. “Foi um momento ‘dane-se'”, explica para a Huck Magazine.
“Há anos eu pensava em fazer esta mudança e — embaraçosamente — uma noite eu estava lendo um mangá e vi os personagens com um telefone flip, então decidi comprar um”, conta.
De início ela usou um telefone velho da Nokia que era dela antes de comprar um Motorola V3. Ela também tinha um iPhone XR disponível, mas usava ele apenas quando “absolutamente necessário”.
Depois ela vendeu o aparelho da Apple e assim se tornou, nas palavras dela, “100% livre de smartphones”. Cerca de 95% dos jovens da Geração Z possuem um telefone inteligente.
Mas rapidamente eles ingressam em um movimento que segue na direção de uma sociedade que fica muito menos tempo disponível online.
A Dra. Daria Kuss, professora associada na Nottingham Trent University, diz que “como consequência da pandemia, muitos de nós passaremos mais tempo usando nossas redes sociais“.
Ela é especialista sobre os efeitos psicológicos que o uso da internet e da tecnologia causam. “Nossas redes sociais e smartphones se tornaram uma janela para o mundo em um momento de restrições significativas”, completa.
Estudos apontam que existe uma ligação entre passar muito tempo encarando uma tela e sintomas de depressão e ansiedade, o que não é uma surpresa e nem sequer é algo novo surgido na pandemia.
Já acontecia antes e os efeitos do combate ao vírus engrossaram a situação. E, aparentemente, a troca de um smartphone por um telefone “tijolo” é menos problemática do que parece.
Pequenas inconveniências como ter que pedir um delivery pelo telefone do amigo ou ficar sem Google Maps no carro são insignificantes diante da unânime melhoria na saúde mental apontada pelos jovens entrevistados.
“De início eu me senti um pouco assustada com o mundo aberto sem a muleta da conectividade constante mas no fim você se acostuma”, disse Jade. “Além do mais, você nunca saberá se vai gostar até tentar”, finaliza.