Enquanto o país se prepara para a chegada do 5G, mais da metade das localidades brasileiras ainda não tem cobertura da banda larga móvel.
O Brasil é um importante mercado para as empresas de telecomunicações, principalmente para serviços móveis, e está prestes a realizar um dos maiores leilões de frequências do mundo para a implantação do 5G.
Enquanto as operadoras estão se preparando para fazer grandes investimentos para a chegada da conexão de nova geração, ainda há várias regiões no país em que os usuários tem acesso apenas ao 2G (às vezes nem isso), tecnologia essa que permite fazer ligações de voz de baixa qualidade ou utilizar a internet móvel de forma básica.
Apesar de a tecnologia 4G estar presente em 5.275 municípios brasileiros (94,70% do total), isso não significa que ela chegue a todas localidades (áreas menores que integram uma mesma cidade).
Na lista de localidades estão, por exemplo, vilas, núcleos, povoados, lugarejos, áreas urbanas isoladas, aldeias indígenas, assentamentos e aglomerados rurais.
Cada município pode ter várias localidades.
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Atualmente, somente 5.681 localidades não sedes (34,81% do total) possuem antenas 4G.
Das mais de 16 mil localidades não sedes, 8.930 delas (quase 58% do total) contam com o 2G ou estão sem a cobertura móvel.
Em dezembro de 2020, nas localidades com o serviço móvel de segunda geração (ou sem serviço), residem, aproximadamente, 3,8 milhões de pessoas. Isso é mais que a população de Brasília, a terceira cidade mais populosa do país.
Tecnologia (até dezembro de 2020) | Quantidade | Porcentagem da população coberta |
Localidades não sedes com 2G ou sem cobertura | 8.930 | 17,24% |
Localidades não sedes com 3G | 1.707 | 5,15% |
Localidades não sedes com 4G | 5.681 | 77,61% |
A situação está presente em todos os estados brasileiros.
Os que apresentam as maiores quantidade de regiões descobertas são a Bahia (com pelo menos 1423 localidades sem ao menos o 3G), Maranhão (1.134), Amazonas (590), Pará (457) e Minas Gerais (435).
Já os que apresentam menos localidades sem o 3G ou 4G estão o Distrito Federal (2), Acre (14), Espírito Santo (29), Rio de Janeiro (32) e Amapá (59).
Engana-se quem pensa que a falta de cobertura é apenas uma realidade de zonas rurais ou locais distantes, em regiões localizadas no interior do Brasil.
Mesmo em grandes áreas metropolitanas, na cidade de Mairiporã, por exemplo, vizinha à capital de São Paulo, existem certas áreas onde não é possível se conectar nem mesmo ao 3G.
Vale ressaltar que além da falta de cobertura móvel, milhares de localidades também não contam com backhaul para internet banda larga por fibra.
Ao todo são 988 municípios no país sem a tecnologia de fibra óptica.
Como meta, o governo espera levar a tecnologia de fibra para 2.151 localidades até o final de 2024.
Além disso, o Ministério das Comunicações (MCom) pretende priorizar no próximo leilão de frequência as regiões que ainda não contam com a cobertura móvel.
Evolução móvel
Utilizado desde 1991, o 2G permitiu que brasileiros pudessem utilizar serviços digitais de voz e mensagens de texto.
Contudo, apesar da possibilidade de transmissão de dados, o pico de transferência no 2G não ultrapassa algumas centenas de kbps.
Com a popularização da internet, foi necessária a evolução para o 3G, inaugurando a banda larga móvel a partir de 2001, com a possibilidade de atingir picos que podiam chegar a 40 Mbps.
Já em 2010, o 4G prometia taxas de transmissão que podiam atingir até 300 Mbps.
Entretanto, a melhor média de download na internet móvel registrada no país atualmente mantém uma média de 17,93 Mbps, segundo a nPerf.
Para o 5G, a promessa é atingir velocidades na faixa do Gbps.
Porém, mesmo em países mais desenvolvidos, essa taxa de download ainda está longe de ser alcançada.
Número de acessos
Em março de 2021, dos mais de 240,6 milhões de acessos na telefonia móvel que o Brasil registrou, 26,8 milhões foram no 2G, 32,5 milhões no 3G e 181,3 milhões no 4G.
Mesmo pagando caro pelos planos de telefonia, os assinantes reclamam que não recebem o sinal móvel contratado, nem a velocidade de download desejada.
Ao mesmo tempo, as reclamações de usuários continuam em alta sobre a má qualidade dos serviços e da rede de todos as operadoras.
No ano passado, somente a Anatel recebeu mais de 18 mil queixas de usuários por falta de sinal ou linha muda na telefonia móvel. Este problema se aplica a todas as operadoras móveis.
As empresas, por sua vez, reclamam dos altos tributos e da burocracia por parte dos municípios para a implantação de novas antenas.
Com o novo Plano Geral de Metas para a Universalização (PGMU), decretado em janeiro deste ano, o governo brasileiro tenta acelerar a migração do 4G para o 5G, bem como ampliar a cobertura móvel em regiões ainda desconectadas.
Embora o objetivo seja corajoso, ainda é preciso novas políticas públicas voltadas para preencher as lacunas de cada região, mesmo aquelas que são consideradas pouco competitivas, para, então, ampliar a cobertura das redes e levar o 3G ou 4G para atendimento de áreas remotas brasileiras.
Com informações e dados da Anatel.