Atraso na licitação de frequências impacta negativamente na competitividade do agronegócio e na indústria do país.
Como já era esperado, o leilão do 5G será realizado apenas no segundo semestre deste ano.
A afirmação é do ministro das Comunicações, Fábio Faria, durante entrevista para a Rádio Jovem Pan, nesta terça-feira, 1º de junho.
Inicialmente prevista para acontecer em março do ano passado, a licitação de frequências para a rede móvel de nova geração acabou esbarrando no debate em torno da interferência da faixa de 3,5 GHz nas transmissões televisivas via satélite, além da emergência do novo coronavírus, o que atrasou a finalização do edital.
Desde que assumiu o recriado Ministério das Comunicações, em outubro de 2020, Faria prometia que a realização do leilão ocorreria até o final de junho deste ano.
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Entretanto, o edital do leilão ficou pronto apenas em 25 de fevereiro de 2021, sendo entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) em 19 de março.
Geralmente, a análise da corte de contas tem um prazo de 150 dias, mas os ministros do TCU prometeram aprovar em menos da metade deste tempo, em apenas 60 dias.
O prazo prometido acabou em 18 de maio e nada de aprovação do edital.
Desde que chegou ao TCU, rumores já apontavam que o curto prazo não seria cumprido, diante da complexidade do tema, principalmente sobre a legalidade dos compromissos previstos para as operadoras.
O debate no TCU inclui, até mesmo, possíveis pedaladas fiscais na proposta de edital.
Após a aprovação do edital pelo tribunal de contas, estima-se que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) demore em torno de 40 dias para fazer as devidas modificações – isso é claro se as mudanças propostas não forem extensas – para então publicar o edital e agendar a realização do leilão.
Agora mais cauteloso, Faria apenas confirmou que o leilão ocorrerá no segundo semestre, mas sem detalhar uma data específica.
Porém, ele voltou a ressaltar que o 5G estará disponível nas 27 capitais brasileiras até o ano que vem.
Por mais que o 5G trará benefícios para o consumidor em áreas como telemedicina, teletrabalho ou transportes autônomos, todo esse atraso é mais sentido na indústria e no agronegócio do país.
Com a chegada da conexão de nova geração, é esperado que ocorra uma revolução na indústria, permitindo uma maior geração, integração e análise de dados, digitalizando o chão de fábrica e melhorando a competitividade dos produtos fabricados no país.
Isso será feito por meio de soluções como realidade aumentada, sensores inteligentes, robôs automatizados, entre outros.
Já no agronegócio, espera-se um aumento da cobertura móvel (previsto na proposta de edital), uma vez que mais de 70% das áreas rurais não têm acesso à internet móvel.
O 5G também será fundamental para aumentar a produtividade agropecuária, utilizando máquinas e equipamentos agrícolas automatizados, além de trazer maior confiabilidade no acompanhamento de safras e rebanhos.
Porém, quanto maior o atraso para a chegada da nova tecnologia móvel, maior também será o abismo tecnológico entre as empresas brasileiras e aquelas instaladas em países que já contam com a conectividade 5G.