04/11/2024

UE: operadoras querem que plataformas digitais paguem por infraestrutura de telecomunicações

Para os provedores, o poder de barganha das teles é pequeno diante da grandeza das plataformas digitais; entenda o caso.

Nesta segunda-feira (14), o grupo espanhol Telefónica, dono da empresa de mesmo nome no Brasil, lançou uma carta onde defende que os países da União Europeia criem um marco legal obrigando as grandes empresas de tecnologias a arcarem com a construção de infraestrutura de telecomunicações.

A carta foi assinada pelo presidente da Telefónica, José María Álvarez-Pellette, assim como por Tom Höttges, CEO da Deutsche Telekom, por Nick Read, CEO da Vodafone, e Stéphane Richard, CEO da Orange.

De acordo com os executivos, o exponencial crescimento do tráfego de dados por parte das provedoras de conteúdo é responsável por determinar o tamanho e a capacidade das redes das operadoras, mas nenhuma dessas empresas de tecnologia pagam pela expansão de redes. Eles também deixam uma alerta afirmando que o cenário atual não é sustentável.

“O fardo do investimento tem de ser dividido de forma mais proporcional. Hoje, streaming de vídeo, jogos e mídias sociais originados em algumas poucas plataformas de conteúdo representam 70% do tráfego que circula em nossas redes”, dizem os executivos.

Para eles, as plataformas digitais estão lucrando com modelos de negócios exponenciais (“hyperscaling”), com custo marginal, enquanto que as operadoras de rede estão tendo que suportar o elevado investimento em conectividade. “Ao mesmo tempo, o varejo de telecomunicações está em declínio perpétuo quanto à lucratividade”, dizem.

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A Telefónica, Deutsche Telekom, Vodafone e Orange afirmam em carta que não conseguem negociar com as big techs, pois estão em desvantagem no mercado. O poder de barganha das teles é pequeno diante da grandeza das plataformas digitais. E apontam para uma assimetria: enquanto as telecomunicações são reguladas, as big techs não o são.

“O resultado é que não conseguimos ter um retorno viável do nosso alto investimento, colocando em risco o desenvolvimento de nova infraestrutura”, alegam.

Os executivos citam como exemplo a Coreia do Norte, onde os reguladores já estão debatendo uma contribuição por parte das big tchs para o financiamento de infraestrutura de rede. Tal debate surgiu devido ao pico de demandas das redes provocadas pelo grande sucesso da série da Netflix, Round 6. O mesmo acontece nos Estados Unidos, os reguladores analisam se o serviço de acesso universal seja bancado pelas plataformas digitais.

“Sem um ‘preço’ para a emissão de dados, o incentivo para grandes provedores de conteúdo otimizarem seu tráfego de dados permanecerá baixo”, acrescentam. E por fim, cobram pressa dos reguladores europeus. “Será necessário um investimento enorme para atender às metas de conectividade definidas para 2030 pela Comissão Europeia. E sem uma solução equilibrada, não chegaremos lá”.

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