A Oi (OIBR3 / OIBR4) expôs ao público, nesta segunda-feira (19), que as empresas Telefônica (dona da Vivo – VIVT3), Claro e TIM (TIMS3) se uniram para pedir de volta R$ 1,739 bilhão que foram pagos pela compra da Oi Móvel. Ao todo, a operação custou R$ 15,9 bilhões às três maiores teles do país.
A TIM pede que a Oi devolva R$ 769 milhões; a Vivo quer R$ 587 milhões e a Claro exige R$ 383 milhões. Além disso, as companhias compradoras não querem liberar R$ 1,447 bilhão que se encontra retido. Esses dois montantes (dinheiro retido e “a ser devolvido”) depreciam o valor de venda da Oi em R$ 3,186 bilhões.
E não para por aí: as telefônicas que compraram a Oi querem ser indenizadas em mais de R$ 353 milhões, alegando “Indenização de Revisão dos Inventários Móveis”. Só a TIM quer ser indenizada em R$ 230,8 milhões, afirmando haver divergências referentes aos contratos […] com empresas prestadoras de serviços de infraestrutura móvel (aluguel de sites/torres)”.
Quem mais entrou em detalhes sobre o que considera “errado” na transação de compra da Oi Móvel foi a TIM Brasil. No seu comunicado (leia na íntegra), a operadora descreveu alguns pontos que considera divergentes com os passados pela Oi. Entre eles estão:
- Capital de Giro e Dívida Líquida – foram efetuados ajustes costumeiros para operações de M&A [fusões e aquisições];
- Capex [custo necessário para manter e expandir as operações da empresa] – foram identificadas evidências de não conformidade com o volume mínimo e natureza das obrigações de investimentos da Vendedora nos termos do SPA;
- Adições líquidas [crescimento da base de clientes] – foram identificadas evidências de não conformidade com as obrigações relacionadas a manutenção de participação mínima da Vendedora nas adições líquidas de linhas do mercado de telefonia móvel.
Telefônica Vivo e Claro não quiseram falar muito e emitiram posicionamentos enxutos sobre o caso.
Reação do mercado
O mercado que investe na Oi reagiu com maus olhos a esse possível baque nas finanças da operadora. As ações ordinárias OIBR3 caíram -11,3%, passando a valer 47 centavos. Já as ações preferenciais (OIBR4) baixaram -4,85%, para 98 centavos.
Enquanto isso, Vivo (VIVT3) subiu +1,62% e TIM (TIMS3) ficou estável, com alta de +0,25%. As ações ordinárias dessas empresas estão valendo R$ 41,29 e R$ 12,21, respectivamente. A Claro Brasil não possui capital aberto.
No mês, as ações da Oi já caíram -21,67%. No último semestre, a queda é de quase -42%. No ano, mais da metade (-51,55%) do valor de mercado da empresa caiu. Quem investiu na Oi em 2017, ou seja, 5 anos atrás, perdeu -87,66% da quantia investida. Já quem comprou ações da Oi em 27 de abril de 2012, quando ela estava custando R$ 95,47, perdeu -99,5% do patrimônio dedicado à empresa.
Apesar do desempenho muito ruim das ações da Oi na última década, alguns investidores da companhia de telecomunicações pedem calma e continuam acreditando no sucesso dela. O administrador do canal no Telegram “OI S.A. – O maior turnaround da B3”, com mais de 800 inscritos, “afim de acalmar os verdadeiros investidores” pediu para eles “pararem de seguir cotação”. “Seguimos firmes na OI esperando os próximos resultados financeiros com tranquilidade e cabeça de sócio”, afirmou.
Reação da Oi
Em comunicado (leia na íntegra), a Diretora de Finanças e Relações com Investidores da Oi, Cristiane Barretto Sales, chamou o posicionamento de Vivo, Claro e TIM – que querem pagar menos pela compra da Oi Móvel – de equivocado. Disse que “discorda veementemente do Valor do Ajuste Pós-Fechamento pelas Compradoras, e entende que o cálculo do Valor do Ajuste Pós-Fechamento pelas Compradoras apresenta erros procedimentais e técnicos, havendo equívocos na metodologia, nos critérios, nas premissas e na abordagem adotados pelas Compradoras e seu assessor econômico KPMG”.
A Oi prometeu que vai se movimentar para produzir um detalhamento, em até 30 dias, de todos os pontos em que discorda dos argumentos utilizados pelas Compradoras. Se preciso for, a Oi vai solicitar a abertura de nova análise do “Ajuste Pós-Fechamento” por outra empresa de auditoria especializada (que não a KPMG).
O pedido de indenização também foi objeto de discordância da Oi. A empresa afirma que vai dar uma resposta com documentos e informações relevantes que favorecem a empresa dentro de um prazo de 10 dias.