A licitação do Ministério das Comunicações para levar conectividade para quase 7 mil escolas públicas do país não teve a participação da empresa que era a mais visada para o projeto: Starlink, do bilionário Elon Musk, pois a empresa sequer se candidatou. Mas oito companhias do segmento apresentaram mais de 18 mil propostas de atendimento.
Havia rumores de que a Starlink seria a favorita na licitação, porque estaria exigindo velocidade de uplink de 40 Mbps, acima da capacidade oferecida pelas conexões via satélite em geral.
Diferentes interlocutores do segmento satelital não se surpreendem com a ausência de proposta da Starlink, pois mesmo que a empresa tenha participado de uma projeto-piloto de conexão em Manaus, ela ainda não tem estrutura capaz de participar de uma licitação pública, especialmente para conectar milhares de escolas.
“Atualmente, a Starlink vende seu serviço por cartão de crédito. O cliente tem que fazer tudo, inclusive instalar ele próprio seu equipamento”, lembra fonte do setor, para explicar porque a empresa não entraria em uma disputa como essa, que implica compromissos bem mais pesados.
A Hughes e a Viasat são empresas que atuam no território brasileiro e estão prestes a lançar novos satélites com mais capacidade e novas tecnologias. Com isso, elas podem cumprir as velocidades exigidas na licitação, que tem um preço mínimo para velocidades de até 40 Mbps e aceita até 50% preço maior para velocidades de até 120 Mbps.
Inclusive, há consultores que acreditam que as duas empresas podem até ajustar suas ofertas, não é impossível que a banda larga via satélite alcance mais de 40 Mbps, mas isso demandará a instalação de novas antenas, mais caras. Hughes e a Viasat estariam dispostas a cumprir as obrigações do edital, garantido um contrato de três anos, dificultando os negócios da Starlink, caso esteja realmente interessada em entrar forte no mercado brasileiro.
Também apresentou na licitação, a Hispamar, que também tem posição orbital brasileira ocupada por satélite geoestacionário em banda Ka desde 2017, atua no mercado de varejo e não teria dificuldade para atender às regras do edital. Embratel, Telespazio, Gillat e Sencinet forma outras empresas que apresentaram propostas ao governo.
Entretanto, vale lembrar que entregar propostas não garante que ocorrerá a conexão das escolas, ou mesmo se a licitação se manterá, já que dia 1º de janeiro entrará um novo governo no Brasil. Além de que, não se sabe o preço que está sendo proposto pelas operadoras. O preço sugerido pela RNP deveria girar em torno de R$ 300.