Durante a conferência de resultados, o ex-CEO da Netflix, Ted Sarandos, revelou que a plataforma não descarta a ideia de integrar uma opção de TV com suporte a anúncios (FAST) gratuito, uma vez que há várias empresas estão considerando seguir o negócio à medida que o consumidores mudam para os serviços FAST. Ou seja, lançar um serviço de canais por streaming suportados por anúncios de graça.
“Estamos abertos a todos esses modelos diferentes que estão por aí agora, mas temos muito em nosso prato este ano, tanto com o compartilhamento pago quanto com o lançamento de publicidade e continuando com essa lista de conteúdo que estamos ‘re tentando dirigir para nossos membros. Então, com certeza estamos de olho nesse segmento”, disse Sarandos.
Entretanto, embora seja algo que possa acontecer no futuro, Sarandos afirma que a empresa não descarta a possibilidade de ofertar um canal Netflix FAST gratuito. Se vier a acontecer, haverá mudança significativa nos negócios da empresa de anúncios. De acordo com a nScreenMedia, a indústria FAST atingirá 216 milhões de usuários ativos mensais em 2023, gerando US$ 4,1 bilhões em receita de anúncios.
Atualmente, a plataforma está contando com seu plano básico de anúncios como sua grande fonte de receita, estimando US$ 8,17 bilhões em receita para o primeiro trimestre de 2023. No entanto, o plano suportado por anúncios ainda não está valendo tanto quanto esperado, de acordo com um relatório recente da Kantar.
Entretanto, há um paradoxo no posicionamento da Netflix quanto ao plano básico com anúncios. O presidente mundial de publicidade da Netflix, Jeremi Gorman, observou durante uma entrevista no Variety’s Entertainment Summit na CES, os dados da Kantar mostram que o “Basic with Ads” da Netflix agora representa 12% de sua base de assinantes. Em carta aos acionistas, a Netflix escreveu que o lançamento do plano foi bem-sucedido, embora admitia que “ainda tem muito mais a fazer”.
Além disso, ainda há a restrição de regiões, uma vez que o plano básico com anúncios está disponível apenas nos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Itália, Austrália, Japão, Coréia, Brasil, Canadá e México. Não há planos imediatos de expansão, mas poderá ser expandido para outros mercados.
Durante a conferência, executivos se mostraram otimistas com o novo plano. O CFO da Netflix, Spencer Neumann, afirmou que “Não entraríamos em um negócio como esse se não acreditássemos que poderia ser maior do que pelo menos 10% de nossa receita e, com sorte, muito mais ao longo do tempo nesse mix, pode crescer”.
De forma geral, a empresa reconhece que o ano de 2022 foi difícil, tendo dois trimestres decepcionantes, perdendo mais de um milhão de assinantes globais. Mas a partir desse ano, a Netflix passará por momentos cruciais com novos negócios, como o lançamento de compartilhamento de senhas e capacidade de transmissão ao vivo.
“Acreditamos que temos um caminho claro para reacelerar nosso crescimento de receita: continuar a melhorar todos os aspectos da Netflix, lançar o compartilhamento pago e desenvolver nossa oferta de anúncios”, acrescenta.