A medida de controlar o compartilhamento de senhas da Netflix desagradou muitos assinantes, embora ainda não esteja presente em alguns mercados. Entretanto, já aplicado na Espanha, a plataforma tem enfrentado problemas com a regra por lá. Acontece que o streaming não está conseguindo localizar com precisão aqueles que aceitaram pagar a taxa extra que permite o compartilhamento da conta, de acordo com o site local El Confidencial.
Segundo casos relatados por alguns usuários, quando forem confirmar a localização principal, etapa que a plataforma pede para fazer na TV, ou quando foram verificar a última sessão de conexões do aplicativo, foi descoberto que o endereço IP foi para uma locação muito distante da real dentro do sistema da Netflix. O dado deveria ser usado para identificar o local exato em que os assinantes estão.
Com isso, várias reclamações surgiram sobre o assunto, inclusive, suposições de que se a localização está sendo registrada errada, a Netflix pode bloquear a conta e negar o acesso, mesmo aceitando o pagamento da taxa extra para o compartilhamento de conta. Além de questionamento se a plataforma tem condições de identificar um aparelho ou uma rede conectada à internet. Segundo especialistas, o erro está em entender o IP público do roteador como um indicador confiável de geolocalização da pessoa em questão.
Para melhor entendimento, o IP é como uma identidade que verifica de qual país ou cidade o usuário está realizando a conexão. No caso dos streamings, é usado para saber o local que os assinantes estão conectados. Entretanto, usando somente esse dado fica mais complicado saber a localização, pois é possível saber o país ou a cidade, mas não o endereço exato.
Joshua Llorach, especialista em telecomunicações e gerente do fórum BandaAncha.eu, explica que “A questão é que não há registro oficial da localização do IP. O mais próximo que existe na Europa é o RIPE, um registro regional onde os operadores de internet registram os blocos de endereços que eles têm atribuído. E acessando lá você pode saber quem é o dono ou o país em questão”.
“A única pessoa que conhece a relação entre o IP e o endereço do cliente e sua localização é a operadora de comunicação que atribui o IP a você”, acrescentou Teknautas Antoni Martínez Ballester, professor associado de Estudos de Ciência da Computação da Universidade Aberta da Catalunha (UOC).
Ao questionada sobre o assunto, a Netflix não deu explicações detalhadas de como identificar seus usuários. Antoni Martínez diz que “Se identificasse apenas com o IP, confundiria vários clientes agrupados em uma rede“. Ele acredita que no processo de confirmação é provável que outros detalhes estejam sendo fornecidos (como a porta TCP) para esse processo de localização exata.
Além de que, na Espanha, a maior parte dos IPs é dinâmica e não fixa, um serviço pelo qual as operadoras costumam cobrar taxa extra aos clientes que o desejam. Além disso, nas condições de uso da Netflix, afirma-se que, se você não usar sua conta em nenhuma smartTV, não precisará realizar essa etapa.
Em uma tese de Llorach, a Netflix pode estar usando o prefixo ou a faixa de bloco de endereços IP usados pela operadora e não um único IP.
“Desde que eles estejam usando o IP ou intervalo mais recente, relatado por um novo dispositivo, não haverá problema, e os dispositivos que compartilham credenciais serão associados à mesma casa”, disse.