Durante essa semana acontece em Barcelona, na Espanha, o Mobile World Congress (MWC), onde passarão diversos representantes de grandes empresas e órgãos do mundo. Representando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, presidente da agência, falou nesta terça-feira (28) sobre o direcionamento da faixa de frequência 6 GHz no Brasil.
Durante seu discurso, Baigorri afirmou que pretende acelerar a decisão sobre a liberação do WiFi 6E e que o Brasil deverá ser o primeiro país a adotar o WiFi outdoor na frequência de 6 GHz, que servirá para áreas externas. A intenção é realizar uma consulta pública ainda este semestre.
Até o momento, a tecnologia é liberada apenas para o uso indoor para ser instalada como um modem nas casas das pessoas ou prédios empresariais. Mas empresas como a Qualcomm, já reivindicaram o uso do WiFi 6E para uso em áreas externas.
O destino da frequência 6Ghz para o WiFi foi decidido pela Anatel ano passado, logo após os Estados Unidos também liberarem. Entretanto, toda indústria e operadoras de telefonia móvel discordam do direcionando da faixa. Entre os argumentos usados está o fato de estar sendo destinando uma enorme quantidade de banda para uso interno, o que é considerado um desperdício.
Além disso, alega-se que no Brasil não há qualquer demonstração de interesse pelo uso desse equipamento. Até porque, ele é muito caro para o consumo do usuário final. Alegam também que em breve precisarão de espectro mais baixo para poder suportar toda a demanda por dados que está sendo criada pelas tecnologias de realidade aumentada, realidade virtual vídeos de 4K e 8K.
Com isso, há a pressão de liberar a faixa 6GHz para o uso outdoor, uma vez que segundo as operadoras regionais, somente com a liberação do uso para áreas externas é que haverá demanda efetiva pelo equipamento, pois ele poderá servir de hub para a expansão em diferentes localidades onde a fibra óptica não pode chegar.
“Será uma ótima opção para os provedores avançarem com a banda larga”, afirmou Basílio Peres, diretor da Abrint, que também circula pelo evento catalão.
Direcionamento da banda 6 GHz para o serviço móvel
Entretanto, ainda há reivindicação do direcionamento da banda de 6 GHz para os serviços de telefonia móvel. O diretor-geral da GSMA, Mats Granryd, chegou a falar no primeiro dia do evento que se trata de um espectro vital para o segmento celular. “Espectro é vital para a indústria de celular. E a faixa de 6 GHz é crucial para a expansão do 5G”.
Quando se trata das operadoras de telefonia móvel no Brasil, ainda estão avaliando o cenário, embora apresentem preocupações com a decisão precipitada sobre o tema. Inclusive, a Claro também está presente no evento, e vai criar um grupo técnico para estudar a fundo o 6 GHz, disse José Félix, presidente do grupo.