A Huawei e a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, fizeram nesta semana, um evento sobre IPv6a versão mais atual do Protocolo de Internet, crucial para sustentar o crescimento da rede de computadores. A agência diz que é importante estudar esse recurso pois a versão IPv4 já está entrando em esgotamento.
No Brasil, a adoção do IPv6 atingiu uma marca significativa de 43% em 2023, superando a média mundial. Para impulsionar ainda mais a adoção do IPv6 por empresas de telecomunicações e provedores de conteúdo, foram discutidas e acordadas diversas ações durante um evento, incluindo a elaboração de um white paper sobre o tema pelo Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel), a realização de um novo evento chamado IPv6 Day e a possível implementação de um barômetro para monitorar o crescimento do protocolo no Brasil.
Carlos Baigorri, presidente da Anatel, mencionou que a França criou um grupo de trabalho em 2019 para promover o uso do IPv6 no país, incluindo a utilização de um barômetro para medir o progresso.
O presidente ressaltou os diversos benefícios da adoção do IPv6 para o setor de telecomunicações, especialmente em relação à segurança. Ele explicou que a adoção do IPv6, especialmente por provedores de conteúdo, ainda está em estágios iniciais e é necessário impulsionar esse assunto para promover a adoção do protocolo de internet, visto que será fundamental para o 5G e o desenvolvimento das telecomunicações no Brasil.
O assessor da Superintendência de Planejamento e Regulamentação, João Zanon, falou sobre o grupo de trabalho sobre IPv6 (GT-IPv6), estabelecido em 2014 e coordenado pela Anatel, com a participação do Nic.BR e prestadoras de serviços de telecomunicações.
Ele destacou que a Agência tem competência para regular a compatibilidade, operação integrada e a interconexão entre as redes e equipamentos de telecomunicações dos usuários, lembrando que a Internet é, na verdade, um conjunto de redes de telecomunicações integradas.
Os três principais objetivos do GT-IPv6 foram:
- Garantir que as prestadoras de telecomunicações disponibilizassem o protocolo IPv6 na interconexão/interligação entre as redes e para o usuário final;
- Assegurar que os novos equipamentos de telecomunicações fossem compatíveis com o IPv6;
- Implementar uma solução de transição do IPv4 para o IPv6 que permitisse o acesso ao conteúdo no protocolo legado com o menor impacto possível.
Zanon explicou que uma das soluções adotadas no Brasil foi a certificação de equipamentos usando a abordagem Dualstack, que permite o uso conjunto do IPv4 e IPv6, possibilitando aos usuários o acesso a conteúdos e aplicações disponíveis em ambos os protocolos.
Além disso, Zanon mencionou que em 2022 a Anatel abriu a Consulta Pública nº 81 para atualizar os requisitos técnicos do IPv6, de acordo com as normas e padrões internacionais mais recentes, e coletou contribuições sobre a necessidade de inclusão de outros produtos ou tecnologias. Atualmente, as contribuições estão em análise.
O assessor também explicou que, devido aos efeitos adversos da implantação da solução de transição que permite o compartilhamento dos endereços IPv4 entre vários usuários, torna-se necessário que a guarda da porta TCP/IP seja implementada, a fim de possibilitar o atendimento de pedidos de investigação e quebra de sigilo solicitados por órgãos de Segurança Pública.
Atualmente, as prestadoras de serviços de telecomunicações já realizam essa guarda em conformidade com a Resolução nº 73/98 da Anatel. No entanto, muitos provedores de aplicação e conteúdo ainda não o fazem, além de não implementarem o IPv6.
Recentemente, a Agência abriu a Tomada de Subsídio nº 13 sobre os deveres dos usuários dos serviços de telecomunicações, com o objetivo de obter informações sobre a necessidade de regras específicas para os grandes usuários ou aqueles que demandam algum tratamento regulatório peculiar, como os grandes provedores de aplicação e conteúdo que não implementaram o IPv6 ou não realizam a guarda da porta TCP/IP.
Ao final do evento, o superintendente de Planejamento e Regulamentação, Nilo Pasquali, ressaltou a necessidade e importância de elaborar um white paper no Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel), para realizar uma avaliação e estudo aprofundado sobre o tema.
Ele concordou com a ideia de realizar um “IPv6 day”, envolvendo mais parceiros para o debate, e com a sugestão de criar um barômetro para avaliar a maturidade da implementação do IPv6 no Brasil.
O superintendente também destacou a necessidade de aumentar o tráfego em IPv6, uma vez que não há mais disponibilidade de IPv4 no mundo, e o novo protocolo é essencial para o crescimento de novas tecnologias como as Redes 5G e IoT, entre outras.