Os brasileiros estão cada vez mais aderindo ao consumo de plataformas de streaming que exibem publicidade, isso de acordo com um levantamento realizado pela Magnite, uma empresa especializada em vendas de anúncios.
O estudo revela que apenas um quarto da população brasileira ainda não assiste a serviços de streaming de TVs conectadas com anúncios, enquanto 74% dos espectadores no país utilizam alguma plataforma de vídeo que apresenta campanhas publicitárias durante sua programação.
Quem fez esse estudo sobre streaming no Brasil e mais alguns detalhes sobre ele
O estudo foi conduzido pela Harris Interactive, uma empresa americana de pesquisa e análise de mercado, a pedido da Magnite, durante os meses de março e abril deste ano. Foram avaliadas as respostas de quase cinco mil usuários, com idades entre 16 e 74 anos, residentes em países da América do Sul, como Argentina, Brasil, Colômbia e México, que assistiam a pelo menos sete horas semanais de conteúdo em TVs conectadas à internet.
Rafael Pallarés, vice-presidente da Magnite na América Latina, explica que a análise considerou as respostas de espectadores que utilizam uma variedade de plataformas de streaming, desde as gratuitas como Vix TV, Favela TV e Pluto TV, até os serviços por assinatura que exibem anúncios, como Globo Play e Netflix.
Segundo o executivo, os resultados da pesquisa confirmam que a inclusão de publicidade nas plataformas tem impulsionado o crescimento do modelo de negócios do streaming no Brasil, demonstrando uma boa aceitação dos anúncios. Pallarés afirma que afirmar que todos pagam para assistir serviços de streaming sem publicidade é algo que só ocorre em algumas bolhas.
Luiz Lara, presidente do Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp) e “chairman” da TBWA, acredita que os resultados da pesquisa refletem a qualidade da propaganda feita pelo mercado nacional e o apreço dos brasileiros pela publicidade. Ele avalia que o custo de consumir esses anúncios acaba sendo compensador para o público, que ainda consegue manter as contas “mais leves” no final do mês.
Lara destaca que, no final das contas, os brasileiros encaram a publicidade como parte da programação e a consideram uma parte criativa da experiência de entretenimento.
A pesquisa realizada pela Magnite revela não apenas a adesão dos brasileiros aos serviços com publicidade, mas também fornece informações sobre a disposição de migrar para planos mais atraentes financeiramente, mesmo que isso signifique a inclusão de anúncios.
De acordo com o levantamento, 44% dos entrevistados que ainda pagam para evitar a visualização de anúncios afirmaram que provavelmente cancelariam ou reduziriam suas assinaturas de TV paga. Por outro lado, 70% desses indivíduos estariam dispostos a assinar uma nova plataforma de streaming gratuita ou mais barata, desde que veiculasse anúncios.
O executivo da Magnite ressalta que os resultados relacionados à possibilidade de mudança de planos podem ser atribuídos tanto à aceitação da publicidade quanto à diminuição do poder aquisitivo do público brasileiro. Isso indica que os consumidores estão dispostos a explorar alternativas mais acessíveis, mesmo que isso signifique a presença de anúncios.
Vendas geradas por anúncios
À medida que o público desses serviços cresce no país, também aumenta a atenção das marcas em relação aos anúncios. Os anunciantes estão cada vez mais interessados em investir nessas plataformas devido à possibilidade de hipersegmentação das campanhas.
Vicente Varela, vice-presidente de dados e mídia da Lew’Lara/TBWA, destaca que a utilização de dados para medir o perfil da audiência permite que as marcas utilizem a criatividade de forma mais eficaz.
“Entendemos que o mercado está maduro o suficiente para investir nesse segmento, pois além do suporte direto das plataformas para conhecer os detalhes e entender a melhor forma de utilizar o espaço, também contamos com métricas claras para acompanhar a audiência”, diz Varela.
Segundo um levantamento realizado pela Magnite, constatou-se que entre os usuários que utilizam serviços com anúncios, 91% deles afirmaram que têm maior propensão a adquirir produtos de uma marca vista em diferentes dispositivos. Além disso, 92% dos entrevistados consideraram as plataformas de streaming com inserções publicitárias como itens essenciais em suas residências.
Na opinião de Palharés, representante da Magnite, embora as marcas já estejam direcionando parte de seus investimentos publicitários para canais diversos, como a TV linear e o streaming, o formato de vídeo com anúncios ainda tem potencial de crescimento no Brasil. Isso se deve ao fato de que os anunciantes ainda podem adquirir espaços de comercialização nessas plataformas, o que já não é mais possível, por exemplo, nos canais de TV aberta, devido à maturidade desses negócios, o que torna a compra de espaços publicitários mais difícil.
“Ao contrário dos Estados Unidos, onde o mercado é mais desenvolvido, aqui no Brasil ainda há muito espaço para a comercialização de anúncios dentro desses serviços”, ressaltou o executivo.