Em depoimentos feitos dentro do inquérito aberto em maio por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar suposta campanha de desinformação contra o PL das Fake News, os executivos do Google informaram que foram gastos cerca de R$ 2 milhões para divulgar anúncios sobre o projeto de lei em mídias, como rádios, jornais e plataformas digitais.
A informação foi confirmada pelo presidente do Google no Brasil, Fábio José Silva Coelho, e pelo diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da empresa, Marcelo Lacerda, que foram ouvidos no dia 15 de junho.
Segundo os diretores, a campanha feita pela empresa teve o objetivo de contribuir com o debate público e melhorar pontos da proposta, onde eles negaram que o intuito fosse pressionar parlamentares a votar contra o projeto de lei. Eles negaram também que o Google tenha interferido no resultado das buscas sobre o projeto de lei ou tentado direcionar a percepção dos usuários.
“Os anúncios não tinham como objetivo manifestar oposição ao projeto de lei em questão, mas sim abrir espaço para o debate quanto às possíveis melhorias em seu texto”, afirmou Coelho. “O Google é aberto ao diálogo e não é contra a regulamentação”.
Segundo Fábio Coelho, a empresa “entende que existe a possibilidade de melhora” no texto da proposta, “mas que isso não significa que o Google seja contra a regulamentação das redes sociais e plataformas”. Enquanto que Marcelo Lacerda reforçou que o Google não é contra o PL das Fake News e que a campanha da “nunca teve o intuito de insultar os parlamentares”, mas de contribuir com a discussão.
A investigação sobre o caso foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), a partir de um ofício do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), onde a PF busca identificar e colher os depoimentos “de todos os diretores e demais responsáveis da Google Brasil e do Telegram Brasil, que tenham participado da campanha abusiva contra” o projeto de lei.