Neste domingo (04), a população do Senegal ficou temporariamente sem acesso aos dados de telefonia móvel no país, enquanto o país se recupera de dias de confrontos mortais entre a polícia e os apoiadores do líder da oposição Ousmane Sonko. Além disso, o acesso a plataformas digitais, como Facebook, WhatsApp, Twitter, Instagram e outros também foram restritos.
De acordo com Ministério das Comunicações, Telecomunicações e Economia Digital, as restrições foram necessárias “devido à disseminação de mensagens de ódio e subversivas num contexto de perturbação da ordem pública em algumas localidades do território nacional[…]“.Também foi determinado que haverá o desligamento da internet móvel em horários específicos, embora o momento exato ainda não esteja claro.
As autoridades senegalesas impuseram esta medida depois de já na quinta-feira terem restringido o acesso às redes sociais (como Twitter e Facebook), algo criticado por organizações como a Amnistia Internacional e a Repórteres sem Fronteiras, que considera que o trabalho dos jornalistas no Senegal está gravemente perturbado.
“As autoridades devem parar a máquina repressiva que visa silenciar qualquer forma de crítica ou voz dissidente e libertar os detidos por exercerem o seu direito à liberdade de expressão”, declarou no sábado Samira Daoud, diretora regional da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, criticando as detenções “arbitrárias” que têm ocorrido nos últimos meses.
A determinação ocorre depois de dias de confronto em todo o país da África Ocidental. Os confrontos começaram em Dacar e outras grandes cidades na última quinta-feira, depois que Sonko foi condenado por corrupção de jovens, mas absolvido da acusação de estuprar uma mulher que trabalhava em uma casa de massagens e fazer ameaças de morte contra ela.
Sonko, que é considerado o principal concorrente do presidente Macky Sall, ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019 no Senegal e é popular entre os jovens do país. Seus apoiadores denunciam a “instrumentalização” da Justiça por parte do presidente que governa o país desde 2012, e sustentam que seus problemas legais fazem parte de um esforço do governo para impedir que Sonko concorra às eleições presidenciais marcadas para fevereiro de 2024.
Comércio
O desabamento da internet no país é uma ameaça à lucratividade de muitos negócios no Segel, pois muitas empresas dependem da conectividade para operar suas atividades. Especialmente, com as taxas de penetração da Internet aumentando de 10% em 2011 para 58% em 2021.
De acordo com a Netblocks, estima-se que um desligamento nacional da Internet no Senegal resulte em um impacto aproximado no PIB de US$ 8 milhões por dia.
“Um grande industrial me disse pouco antes do surto que maio foi seu pior mês em mais de uma década, mas junho vai quebrar todos os recordes”, Emmanuel Boquet, um construtor de risco da GreenTec Capital, um fundo de investimento com sede em Frankfurt que opera em oito países africanos, incluindo o Senegal, disse à African Business.