O sogro do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, utiliza o gabinete do genro na Esplanada dos Ministérios para receber empresários e conduzir reuniões, embora não possua nenhum cargo público, de acordo com informações obtidas pelo O Estado de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação. Registros de entrada e saída do prédio da pasta confirmam essa situação.
Mesmo quando o ministro está fora do estado em compromissos oficiais, o empresário Fernando Fialho esteve nas dependências do ministério para fazer atendimentos. Segundo relatos de influentes figuras do setor de telecomunicações que foram recebidas pelo sogro de Juscelino, ele desempenhou um papel de “apoio” em discussões e contribuiu para os debates relacionados à “expansão da conectividade”.
Ao ser questionado pelo jornal, o ministro confirmou que seu sogro realiza despachos no gabinete e contribui para as atividades do ministério com base em sua “experiência”.
Fialho não possui nenhuma ligação com o setor de telecomunicações. Ele anteriormente atuou como diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) de 2006 a 2012 e também foi secretário de Estado do Maranhão entre 2012 e 2014, durante o segundo mandato da governadora Roseana Sarney (MDB).
Atualmente, ele é proprietário de cinco empresas que abrangem os setores de portos, construção, mineração, criação animal e consultoria. Devido à sua passagem pelo cargo estadual, ele se tornou réu em um processo na Justiça do Maranhão por desvio de dinheiro público.
De acordo com as informações obtidas pelo Estadão, Fialho recebeu pelo menos quatro pessoas entre fevereiro e março deste ano. Um deles é Luiz Claudio Soares Pereira, diretor da Infovia Digital, que foi recebido por Fialho com o intuito de “apresentar possíveis soluções para questões de conectividade nas regiões Norte e Nordeste”. No entanto, Fialho não explicou à reportagem o motivo de ter despachado com o sogro do ministro.
No mês de março, houve um encontro com um empresário cujo nome fornecido foi “André Leandro”. No entanto, não foram divulgados detalhes sobre o cargo, local de trabalho ou o motivo da conversa.
Nessa ocasião, o ministro Juscelino Filho estava em uma agenda oficial em São Luís (MA), a 2 mil quilômetros de distância de Brasília, visitando a sede dos Correios no estado.
Em 7 de fevereiro, segundo a reportagem, o empresário Ricardo Conrado Mesquita foi recebido pelo ministro. Na portaria do ministério, Mesquita foi identificado como um “amigo”. Ele teria seguido diretamente para o 9º andar, onde está localizado o gabinete do ministro. Nesse dia, Juscelino teve reuniões no ministério das 10h às 19h, de acordo com sua agenda oficial.
Em entrevista ao jornal, Fialho admitiu ter estado algumas vezes no ministério, mas negou veementemente ter qualquer envolvimento oficial na pasta. Ele afirmou que sua contribuição era apenas como um “conselheiro informal” e que sua presença tinha como objetivo “prestigiar o genro diante de seu novo desafio”