Nesta quinta-feira (06), o 5G completou 1 ano de sua chegada no Brasil, onde 06 de julho de 2022 foram ativadas as primeiras antenas na frequência de 3,5 GHz da tecnologia em Brasília. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), incluindo as capitais, a quinta geração de internet móvel está em operação em 184 municípios e já supera os 10 milhões de usuários utilizando-a.
Entretanto, vale ressaltar que a cobertura 5G considera as tecnologias na versão Standalone (SA), non-standalone (Non-SA) e DSS (saiba a diferença). Ou seja, esse total de usuários não significa necessariamente adeptos apenas das bandas de 3,5 GHz.
De acordo com o Edital do 5G, as operadoras vencedoras dos lotes de 3,5 GHz deveriam ativar, até o segundo semestre de 2022 1.896 estações apenas em capitais. Entretanto, o número de sites já é mais de cinco vezes maior, chegando a 9.481 estações, uma densidade de 6,25 estações para cada 100 mil habitantes, sendo que o exigido era de 1,5. Segundo a Anatel, a quantidade de estações atualmente licenciadas já ultrapassa os compromissos de adensamento definidos para julho de 2024.
De acordo com levantamento da Conexis Brasil Digital, o 5G teve um crescimento muito mais rápido do que o 4G. Em apenas 11 meses, a nova rede atingiu a marca de 10 milhões de usuários que o 4G levou 26 meses para atingir.
Em relação aos locais atendidos, as operadoras já instalaram o sinal 5G em todas as capitais, todas as cidades com mais de 500 mil habitantes e em metade das cidades com mais de 200 mil habitantes. Os números estão bastante superiores às metas estabelecidas pela Anatel.
Desafios do 5G
Para a Conexis, um dos motivos para a rápida expansão da rede foi o fato de o leilão privilegiar os investimentos na instalação e expansão da tecnologia, em vez de concentrar-se apenas em quem pagaria o maior valor. Assim como o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apesar do rápido crescimento, a entidade cita desafios do 5G, como legislações municipais desatualizadas que atrasam ou impedem a instalação de mais antenas.
Um levantamento do projeto Conecte 5G, criados pelas prestadoras associadas à Conexis, aponta que das 155 cidades com mais de 200 mil habitantes, incluindo as capitais, metade delas, 77, tem leis desfavoráveis ou não tem legislação específica para a instalação de antenas; 54 dessas cidades têm leis de antenas favoráveis para a expansão do 5G; e 24 têm legislação específica, mas que ainda demandam ajustes para ter mais aderência à Lei Geral de Antena.
O Conecte 5G explica que será necessário cinco a dez vezes mais antenas que o 4G para que o 5G avance. As operadoras pedem regras mais claras e licenciamentos mais ágeis para manter a velocidade de expansão da tecnologia.
Para o conselheiro Moisés Moreira, presidente do Gaispi, grupo responsável pela implementação do 5G no país e limpeza da faixa de 2,5 GHz, diz que
“é certo que temos uma tecnologia disruptiva, que permitirá o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores com potencial impacto em diversos setores da economia. Entretanto, trata-se de um processo gradual, que vai se intensificar com a ampliação das próprias redes”.
No que tange a velocidade, segundo dados da consultoria Ookla decorrentes de Acordo de Cooperação Técnica firmado com a empresa, velocidade média de download do 5G no Brasil é de 446,91 Mbps, ao passo que a velocidade média de upload é de 33,60 Mbps.
Smartphones 5G
Segundo a Anatel, 125 modelos de smartphones compatíveis com o 5G estão disponíveis no mercado. Do total de aparelhos, 101 possuem suporte ao modo SA (standalone), em adição ao modo NSA (24 modelos). No primeiro ano da rede foram homologados 13 modelos, em 2022, 73 homologações, e este ano, até então, são 39 smartphones com licença para a venda no país.
Os 125 diferentes modelos de telefones celulares com suporte ao 5G atualmente homologados se distribuem entre 15 fabricantes: Samsung, Motorola e Xiaomi são as três com o maior número de smartphones homologados, conforme tabela abaixo.
Para ter acesso a rede é necessário ter um aparelho compatível, mas embora a tecnologia esteja apresentando um crescimento rápido, os preços elevados dos dispositivos tem freado mais a sua doação. Ou seja, para que a população adote a tecnologia, é necessário preços mais acessíveis.
De acordo com dados da IDC Brasil, 30% dos modelos de smartphone disponibilizados no mercado brasileiro eram aparelhos adaptados à tecnologia. “Os aparelhos 5G atingiram uma faixa de preço que permite alcançar mais consumidores. Por isso, vão ganhar cada vez mais espaço no mercado”, argumenta Andreia Chopra, analista da consultoria.
Entretanto, embora esteja em baixa no mercado, o preço dos smartphones 5G está entre os fatores que impedem o seu avanço entre os usuários. Além disso, Andreia Chopra explica que consumidores ainda não enxergam vantagens concretas na compra de um aparelho 5G.
“No caso do 4G, o diferencial da tecnologia [em relação ao 3G] foi muito disruptivo. Foram lançados muitos novos aplicativos”, explica a especialista. “O consumidor não consegue ter essa percepção diferenciada do que seria o 5G. No caso do 5G, fala-se mais de velocidade, mas o 4G tem uma conectividade que satisfaz. Na percepção, de alguns consumidores não valeria a pena trocar de aparelho”.
Projeções do 5G no Brasil, segundo a GSMA
As operadoras também, conforme já mencionamos em outras matérias, as empresas de telecomunicações também estão enfrentando dificuldades para “vender” o 5G para os consumidores, de acordo com um estudo da GSMA Intelligence divulgou um estudo referente ao 5G na América Latina. Isto é, as teles ainda não encontraram o fator “uau” para que mais investimento seja aplicado à tecnologia.
O estudo projeta que em 2025, haverá 36,2 milhões de conexões móveis da rede, e 179 milhões em 2030. Com uma contribuição econômica de US$ 5 bilhões (03% do PIB), e US$ 26 bilhões (1,2% do PIB), respectivamente. Além disso, acredita que a crescente cobertura das redes 5G no Brasil deve impulsionar a aceitação do serviço, que respondia por cerca de 3% das conexões no final de 2022, assim como o aumento da disponibilidade de smartphones 5G.
“Embora esse número seja impulsionado pela pequena base atual de 5G FWA, ele mostra que há um forte apetite no país em busca dessa nova tecnologia. Até 2025, o número total de conexões 5G FWA no Brasil ultrapassará 1 milhão”, aponta a GSMA.
Ainda projeta que a quinta geração de internet móvel será responsável por mais de 50% do total de conexões em sete países da América Latina 5G como porcentagem do total de conexões até 2030, estando no topo, com 77%, o Brasil.
Investimentos feito até agora
Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), já foram investidos, até o momento, cerca de R$ 1 bilhão na rede, de uma projeção de R$ 6 bilhões em investimento na rede.
“Temos mais R$ 5 bilhões na mesa que devem ser contratados até o final do ciclo do 5G”, afirma Luciano Stutz, presidente da entidade.
A entidade projeta que o processo de implementação só irá até 2026 ou 2027, conforme o trabalho acelerado da Anatel e das operadoras.
Já a Conexis acredita que a tecnologia vai permitir que o segmento de telecomunicações chegue a marca inédita de R$ 37,2 bilhões em investimento este ano, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior.
As operadoras TIM e Vivo planejam investir forte no 5G. Márcio Fabbris, vice-presidente de Marketing e Vendas da Vivo, afirma que a empresa pretende investir entre R$ 8,5 bilhões e R$ 9 bilhões no ano que vem em infraestrutura, sendo mais da metade desse aporte do 5G. Já a TIM diz que pretende investir cerca de R$ 9,2 milhões neste ano e em 2024, sendo R$ 4,8 milhões destinados para a ampliação da rede.