O Brasil pode ganhar mais uma empresa com serviço de internet via satélite. A E-Space, operadora de satélites de órbita LEO (órbita baixa, ou Low Earth Orbit), entrou com pedido na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para ter licença para operar com sua constelação Semaphore no país.
O pedido de licença está sendo feito por intermédio de sua subsidiária, a E-Space África, que já tem autorização para operar na Nigéria. Para avaliar o pedido, a agência abriu uma consulta pública, cujas contribuições serão recebidas até o dia 4 de agosto.
A constelação Semaphore funciona em frequências UHF/VHF 340 a 370 MHz (enlace de subida) e 267 a 297 MHz (enlace de descida), e está interessada na exploração dessas frequências para uso de sistemas móveis por satélite no país. A agência explica que o sistema Semaphore da empresa é uma constelação de grande porte de satélites não-geoestacionários associada ao serviço móvel por satélite, composta por 8.640 satélites com cobertura em todo o território brasileiro, nas faixas de frequências de VHF/UHF, utilizando estações terrenas com antenas não direcionais.
A agência reguladora também lembrou que novos sistemas de satélites não-geoestacionários, em especial aqueles de grande porte, com milhares de satélites, podem dificultar ou inviabilizar a implantação de novas redes. A convivência entre diferentes sistemas móveis por satélite operando nas mesmas faixas (convivência co-canal), cobrindo as mesmas regiões e com estações terrenas que façam uso de antenas não direcionais, sem capacidade para manter o apontamento para o satélite correspondente à sua rede, pode ser complexa ou até inviável em alguns casos.
Em nota enviada ao Minha Operadora, a empresa disse que “A E-Space está muito entusiasmada com a oportunidade de ajudar o Brasil a obter um tipo completamente novo e inovador de sistema de comunicações que fornecerá conectividade para a Internet das Coisas (IoT) impulsionada pelo espaço. Nosso sistema permitirá que os brasileiros em todo o país obtenham inteligência a partir do espaço e desenvolvam serviços enriquecidos de conectividade para cidades inteligentes, agricultura, logística, infraestrutura crítica e muito mais“. A previsão de entrada em operação da constelação é no terceiro trimestre de 2024.
Sobre a E-Space
A E-Space foi criada por Greg Wyler, que também fundou as operadoras OneWeb e O3B Networks, mas não há vínculo atualmente. A empresa afirma ter o compromisso de sustentabilidade, pois seus aparelhos trazem a configuração de tentar “driblar” os detritos no espaço, e, em caso de colisão, consegue ter o descarte de forma inteligente para não gerar ainda mais sucata em órbita.
“Em um mundo onde os satélites estão se tornando poluidores do espaço, os novos sistemas E-Space têm uma dupla responsabilidade de sustentabilidade, pois, eventualmente, capturarão e removerão ativamente pequenos detritos no espaço”, diz a empresa.
Com sede na França e nos Estados Unidos, a empresa lançou os dois primeiros satélites de órbita abaixo de 2 mil km em 2022, e planeja lançar milhares de equipamentos (pelo menos 100 mil) em todo o globo. E-Space diz em anúncio que pretende oferecer serviços de IoT (Internet das Coisas), desenvolvidos por inteligência artificial e machine learning (ML).