Na quinta-feira (13), em Brasília (DF), ocorreu uma reunião entre o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, deputados estaduais do Maranhão, representantes das três operadoras de telefonia do estado e o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri. Essa reunião foi convocada devido a diversos relatos de problemas relacionados ao serviço de telefonia móvel no estado, que resultaram na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Maranhão.
“Havia a impressão que contávamos com um bom serviço de 4G, que funcionava bem. Quando chegou o 5G – e a expectativa era de ter um serviço ainda melhor –, o 4G começa a não funcionar como antes”, questionou o ministro.
Juscelino ainda mencionou que a quinta geração de redes móveis já conta com a limpeza da faixa de 3,5GHz concluída em 26 municípios do Maranhão.
Após acordo entre as empresas de telecomunicações, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Ministério das Comunicações (MCom), ficou decidido que será realizado um “tour de divulgação” – uma espécie de visita pontual, técnica e conjunta no local – para verificar as reclamações, utilizando equipamentos (torres, dispositivos instantâneos de medição de sinal etc.) fornecidos pela própria Anatel.
Reclamações
O deputado Neto Evangelista afirmou que a qualidade do sinal de telefonia móvel é melhor no interior do Maranhão do que na capital. Ele relatou que em São Luís o 4G não funciona adequadamente e as chamadas no Whatsapp frequentemente caem. Um requerimento para a criação de uma CPI para investigar a situação já foi assinado por 38 dos 42 deputados da Assembleia.
Outra reclamação mencionada foi sobre o atendimento aos clientes da antiga operadora Oi, que foram absorvidos por outras empresas. Segundo o deputado, a qualidade do sinal piorou durante a transição. Além disso, os clientes têm dificuldade em obter suporte, pois as operadoras só resolvem problemas relacionados a contas pós-pagas. Os relatos indicam que os clientes são sugeridos a migrar para um plano pós-pago para obter o atendimento desejado.
O deputado Osmar Filho também pediu durante a reunião a ampliação tanto dos pontos de atendimento presencial das operadoras quanto da cobertura móvel no interior do Maranhão.
O que as operadoras falaram
O segundo no comando de Relações Institucionais da Claro Brasil, Fábio Andrade, revelou que, embora a empresa não tenha identificado “grandes questões”, confirmou a presença de falta de estabilidade em áreas particulares e propôs a organização de uma “turnê de apresentação” antes do início da CPI na Assembleia. Segundo o vice-presidente, a Claro planejou a implantação de 191 novos locais (antenas) para o estado do Maranhão em 2023, com 46 já instalados até o momento.
Cleber Affanio, responsável pelas relações institucionais da TIM Brasil, também mencionou que a empresa não identificou “dificuldades muito evidentes”. Ele destacou que houve um aumento significativo no tráfego da rede 4G nos últimos anos e que em alguns casos o problema no serviço pode estar relacionado à necessidade de expandir o número de antenas. Segundo o executivo, a TIM realizou 19 melhorias na rede 4G em 2023 no estado do Maranhão, abrangendo 18 municípios, e ainda há planos para realizar outras 52 melhorias em 34 municípios até o mês de dezembro.
A Vivo afirmou que teve um aumento significativo no número de usuários no estado do Maranhão após absorver os clientes da extinta Oi. O diretor de Relações Institucionais da Vivo, Tiago Machado, relatou que a empresa praticamente dobrou sua base de usuários, alcançando 2 milhões de linhas móveis na região. Para melhorar a capacidade de atendimento, a Vivo instalou 51 novas torres em 2022.
Machado destacou que no ano anterior a empresa enfrentou alguns desafios, com três ou quatro situações de impacto significativo em seu desempenho. Essas situações estavam relacionadas a furtos e roubos de cabos, equipamentos e elementos de rede, totalizando 14 mil metros de cabos roubados. Diante disso, ele solicitou apoio no combate ao crime organizado e pediu aos parlamentares que alterem a legislação para exigir a nota fiscal do cobre, usado como matéria-prima.
Durante a reunião, o diretor da Vivo determinou que todos os clientes sejam atendidos, tanto nas lojas próprias da empresa quanto nas franquias.
Por fim, o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, afirmou que a agência identificou problemas locais, incluindo congestionamentos quando a Vivo incorporou a Oi, e outras deficiências em áreas específicas. Ele mencionou que a Anatel não apenas monitora a qualidade do serviço, mas também toma medidas punitivas contra as empresas que não atendem aos requisitos regulatórios. Baigorri enfatizou que não há distinção no tratamento entre clientes pré e pós-pagos e que a Anatel irá agir com base em denúncias recebidas. Em relação ao atendimento presencial, ele informou que o Conselho Diretor da Anatel está discutindo o assunto e em breve anunciará uma decisão.