O acesso ilimitado a aplicativos, como WhatsApp, Twitter e YouTube, entre outros, estratégia comercial conhecida como “zero rating” pode estar com seus dias contados. Acontece que a TIM, Vivo e Claro estão avaliando a oferta de pacotes móveis que liberam o acesso sem cobrança de tráfego de dados em certos apps.
Por muitos anos, o zero rating tem atraído clientes para as operadoras, mas parece que a iniciativa tem se transformado em um problema para as teles. O consumo de dados que esse aplicativo deu um salto após a população do 4G, e tende a crescer mais com o 5G.
Em recente entrevista, o presidente da Claro, José Feliz, declarou que “Não tenho dúvida que o zero rating foi um erro, um equívoco”. Essa prática, entretanto, tende a ser revista, segundo o executivo. “Não há nada que não possa ser consertado”. Entretanto, é algo que ainda está longe de acontecer na operadora, que oferece o uso ilimitado de WhatsApp, Waze, Instagram, TikTok e Facebook em diferentes planos pré e pós-pagos.
Já a Vivo anunciou que está analisando gradativamente o corte do zero rating. “Temos alguns planos com zero rating, mas não é o nosso padrão. Cada vez mais nós temos diminuído a oferta de aplicativos com uso ilimitado para o mercado, porque entendemos que existe a necessidade de remunerar o investimento feito na rede”, disse o vice-presidente de negócios da operadora, Alex Salgado.
Vale ressaltar que na operadora, o WhatsApp é o único aplicativo liberado na grande maioria dos planos pré e pós-pagos. Há poucas exceções que incluem o Waze também.
Na TIM, a estratégia comercial está sob avaliação. A operadora oferece WhatsApp e Deezer sem descontar da franquia de internet nos planos pré-pagos, enquanto que nos planos pós-pagos, a oferta abrange mais aplicativos, como Instagram, Facebook, Twitter (o uso ilimitado pode durar apenas alguns meses).
Devido aos grandes investimentos nas redes, incluindo o 5G, a TIM busca ampliar suas fontes de faturamento, segundo o diretor de receitas da operadora, Fábio Avellar.
O zero rating também afeta a pauta referente à regulação das plataformas digitais, com o potencial pagamento pelo uso das redes pelas empresas gigantes de tecnologia, como Netflix, Google, Meta, Amazon, entre outras, às operadoras de internet móvel e fixa, uma vez que são as principais geradoras de tráfego de dados.
Para Alex Salgado, o zero rating é uma prática incoerente com a mobilização das operadoras do mundo todo para pressionar as gigantes de tecnologia a contribuir com a manutenção das redes. “Para mim, não é condizente questionar o fair share (divisão de custos das redes) e ter zero rating nos planos. Então, aos poucos, nós estamos tirando ou diminuindo essa estratégia”.
“Ter um tráfego que não é remunerado sempre vai gerar um prejuízo. Nos cabe avaliar se isso atrai clientes suficientemente a mais a ponto de não tirarmos esse benefício”, disse.