De acordo com dados arquivados pela SpaceX na Comissão Federal de Comunicações dos EUA, entre 1º de dezembro de 2022 a 21 de maio deste, os satélites de comunicações da Starlink tiveram que realizar manobras evasivas para desviar de outros objetos feitos pelo homem no espaço.
O relatório aponta que dentro do período foram feitas 25 mil manobras para evitar a
evitar aproximações perigosas e colisões com outras espaçonaves em órbita. Considerando, o lançamento dos primeiros satélites, em 2019, o total sobe para 50 mil.
Segundo Hugh Lewis, professor na Universidade de Southampton, isso representa um aumento exponencial no número de manobras. “[O número] está dobrando a cada seis meses, e o problema com tendências exponenciais é que elas chegam a números muito altos muito rapidamente”, observou ele.
Somente no primeiro semestre de 2021, conforme os dados compilados, os satélites Starlink fizeram 2.219 manobras para evitar colisões com outros satélites, sendo que em dezembro do mesmo ano, houve um aumento para 3.333, indo para 6.873 manobras entre dezembro/21 e junho de 2022.
A SpaceX precisou fazer 13.612 manobras para evitar colisões no segundo semestre do ano passado. Em relatório mais recente, a empresa declarou a realização de 25.299 manobras de desvio nos últimos seis meses, sendo que cada satélite foi movido, em média, 6 vezes.
Para que seja necessário iniciar uma manobra do satélite, a empresa considera a probabilidade de colisão acima de 1 em 100 mil, um limite 10 vezes maior que aquele adotado pela NASA e outras agências, que define 1 em 10 mil .Entretanto, Lewis questiona se a empresa vai conseguir mantê-lo, já que as aproximações perigosas com outras espaçonaves vão continuar acontecendo.
O número grande de manobras fortalece ainda mais as preocupações de especialistas, que alertam que colisões catastróficas no futuro são inevitáveis. Até porque, são aproximada que são evitadas há anos. Em 2019, a Agência Espacial Europeia precisou desviar um de seus satélites para evitar colidir com um da Starlink. Já em 2021, foi emitido um alerta de possível colisão entre satélites da OneWeb e Starlink.
Radiação
Esse não tem sido o único problema com a constelação de satélites da SpaceX. Há poucos dias, um outro relatório indicou que os artefatos estavam emitindo radiação e interferindo nos radiotelescópios.
Federico Di Vruno, um dos diretores do Centro para a Proteção do Céu Escuro e Silencioso da União Astronômica Internacional (IAU), vive alertando para o impacto negativo das constelações de satélites nas observações astronômicas. Os autores do relatório já estão em contato com a SpaceX para reduzir o impacto.