24/11/2024

Rede móvel do Nordeste foi a mais afetada com o apagão desta terça, 15

Embora o apagão tenha afetado quase todos os estados brasileiros, no Nordeste houve maiores consequências na rede móvel.

O blecaute elétrico ocorrido na manhã desta terça-feira, que impactou 25 estados brasileiros e o Distrito Federal (apenas Roraima ficou de fora, veja aqui o motivo), teve repercussões significativas nos serviços de telecomunicações.

Rede Móvel

Com base nos dados fornecidos pelas operadoras e compilados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), constatou-se que em regiões como Centro-Oeste, Sudeste e Sul, menos de 5% das antenas de telefonia móvel foram afetadas pela interrupção de energia. Entretanto, a situação foi distinta nas regiões Norte e Nordeste, onde de 5% a até 22% das antenas enfrentaram falhas temporárias de funcionamento.

O setor de telecomunicações depende fundamentalmente do fornecimento de energia elétrica, sendo essa sua base essencial. Em virtude dessa dependência, o setor já está estruturalmente preparado para lidar com a ausência momentânea do fornecimento de energia original.

As alternativas para garantir o funcionamento das redes de telecomunicações quando há interrupções no fornecimento elétrico envolvem a utilização de geração própria de energia, sistemas de grupos motores geradores e baterias. No entanto, existem situações excepcionais em que uma bateria pode falhar em entrar em operação devido a problemas como deterioração ou roubo.

Gustavo Borges, o superintendente de controle de obrigações da Anatel, ressaltou que “o serviço de telecomunicações usa o serviço de energia elétrica como insumo básico, e, portanto, é já preparado para ter tal insumo disponível mesmo quando há interrupção do provimento original. As alternativas ao provimento do setor elétrico estão associadas a geração própria de energia, grupos motor gerador e baterias. Todavia, há casos em que eventualmente uma bateria pode não entrar em operação por ter viciado, ou por ter sido furtada, por exemplo”, explicando a complexa relação entre a energia elétrica e os serviços de telecomunicações e as medidas de contingência implementadas para lidar com situações de interrupção no fornecimento de energia.

Quando ocorre um evento significativo de interrupção no fornecimento de energia elétrica, é natural esperar que os serviços de telecomunicações continuem operacionais na medida do possível.

Isso é válido desde que a duração do evento não exceda algumas horas, pois ultrapassar esse limite levaria a uma deterioração mais acentuada nas antenas devido à capacidade limitada das baterias em manter o funcionamento. A complexidade aumenta consideravelmente quando nos deparamos com um evento prolongado e de durações variáveis, afetando diferentes regiões. Nessa situação, é mais desafiador avaliar os efeitos nas redes de telecomunicações.

Para esclarecer, quando há um apagão elétrico mais longo, os sistemas de telecomunicações geralmente contam com baterias de reserva para continuar operando por um período limitado. No entanto, a autonomia dessas baterias é finita e depende do consumo de energia dos equipamentos e da capacidade das baterias em manter o funcionamento dos sistemas.

Quando o evento de interrupção elétrica se estende por várias horas ou até mesmo mais, a energia armazenada nas baterias eventualmente se esgota, levando à queda gradual dos serviços de telecomunicações.

No caso específico mencionado, em que houve um evento de interrupção elétrica considerável com durações variáveis e impactos em diferentes regiões, a tarefa de avaliar os danos e as consequências nas redes de telecomunicações se torna mais complexa. A variabilidade das durações e a extensão geográfica afetada tornam difícil prever com precisão como cada área será impactada e em que medida os serviços serão afetados. A integridade das antenas e a capacidade dos sistemas de se manterem operacionais dependerão da duração do evento e de outros fatores relacionados à infraestrutura local.

Até o momento, a Anatel eeuniu e analisou dados até as 16h em relação a esse incidente. No entanto, os detalhes completos sobre a extensão dos impactos nas redes de telecomunicações devido ao apagão ainda devem ser divulgados nos próximos dias. A análise desses detalhes adicionais permitirá uma compreensão mais completa dos efeitos nas comunicações móveis e como as operadoras de telecomunicações estão respondendo a esse desafio.

Ainda não se sabe o motivo do apagão

Segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foi identificado um problema às 8h31 que afetou o funcionamento do Sistema Interligado Nacional (SIN). Esse problema resultou na separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, incluindo a abertura das conexões entre essas áreas. A consequência direta foi uma perda de energia estimada em 18.900 MW.

No decorrer do dia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), esclareceu que uma das causas dessa ocorrência foi identificada no estado do Ceará. A segunda causa ainda está sendo investigada. Para conter a propagação da interrupção, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram a carga elétrica reduzida de forma planejada, como parte de uma medida de contingência.

O ministro explicou que para um evento de tal magnitude acontecer, é necessário que dois eventos simultâneos ocorram em linhas de transmissão de alta capacidade. Essa situação é considerada extremamente rara, tornando o episódio de hoje incomum.

O ministro também indicou que os detalhes técnicos relacionados a essa ocorrência serão disponibilizados ao público nas próximas 48 horas.

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