A pesquisa TIC Educação 2022 revelou dados significativos sobre o acesso à Internet nas escolas brasileiras que oferecem Ensino Fundamental e Médio, destacando a importância dos números. Dos dados coletados, destaca-se que 94% dessas escolas têm acesso à Internet. No entanto, apenas 58% delas estão equipadas com computadores (notebook, desktop e tablet) e têm conectividade para uso dos alunos.
A pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), é notável por entrevistar gestores escolares, coordenadores pedagógicos, professores e estudantes de escolas em áreas urbanas e rurais na mesma coleta de dados. O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) lançou o estudo em 25 de setembro.
É importante ressaltar que a educação foi um dos setores mais afetados pela pandemia de COVID-19, tornando essencial entender abrangentemente como as escolas evoluíram em termos de conectividade. Além disso, é relevante conhecer a percepção dos membros da comunidade escolar sobre o estado atual do acesso e uso das tecnologias digitais em atividades pedagógicas e na gestão escolar.
Os dados também mostram que 99% das escolas particulares e 93% das escolas públicas têm acesso à Internet. A proporção é de 97% entre as escolas estaduais e 93% entre as escolas municipais. Nas áreas rurais, 85% das instituições estão conectadas.
Quanto à qualidade do acesso à Internet, 52% das escolas estaduais e 46% das escolas particulares afirmaram ter uma velocidade de conexão principal de 51 Mbps ou mais. Esse número é de 29% nas escolas municipais. Esses indicadores destacam a discrepância na qualidade da conexão à Internet entre diferentes tipos de escolas, um fator importante a ser considerado no desenvolvimento da educação digital no Brasil.
De acordo com os dados coletados durante o início da pandemia, podemos observar diferentes níveis de acesso à Internet e disponibilidade de tecnologia nas escolas brasileiras. Essas informações são provenientes de uma pesquisa realizada na época.
- Acesso à Internet nas escolas:
- Nas escolas rurais, apenas 52% delas tinham acesso à Internet.
- Escolas localizadas em áreas urbanas apresentaram um percentual mais alto, atingindo 79% de acesso.
- Entre as escolas municipais, o índice de acesso à Internet foi de 71%.
- Por outro lado, apenas 22% das escolas estaduais e 11% das escolas municipais possuíam uma conexão à Internet com velocidade igual ou superior a 51 Mbps.
- Presença de computadores e acesso à Internet para alunos:
- Quando analisamos as escolas que forneciam simultaneamente computadores e acesso à Internet para os alunos, vemos algumas diferenças significativas.
- Escolas estaduais lideravam com 82% delas oferecendo esses recursos.
- As escolas particulares também tinham uma boa presença, com 73% delas fornecendo tanto computadores quanto acesso à Internet.
- No entanto, apenas 43% das escolas municipais disponibilizavam ambos os recursos tecnológicos, de acordo com a edição de 2022 da pesquisa.
- Presença de dispositivos em escolas que oferecem atividades de ensino e aprendizagem:
- Entre as escolas que oferecem computadores para atividades de ensino e aprendizagem, a presença de dispositivos variava de acordo com o tipo de instituição e localização.
- Escolas estaduais se destacaram com 86% delas oferecendo notebooks, desktops ou tablets para uso dos alunos.
- Escolas localizadas em capitais também tinham uma boa disponibilidade, atingindo 79%.
- Nas áreas urbanas, 78% das escolas ofereciam esses dispositivos.
- Por outro lado, as escolas municipais (49%) e aquelas localizadas em cidades do interior (61%) ou áreas rurais (38%) tinham níveis menores de disponibilidade de dispositivos.
“A educação está entre os setores mais impactados pela crise sanitária provocada pela COVID-19. Com o retorno das atividades presenciais, é fundamental conhecer de forma abrangente como as escolas evoluíram do ponto de vista da conectividade e qual a percepção dos atores da comunidade escolar sobre o estado atual do acesso e do uso das tecnologias digitais em atividades pedagógicas e na gestão escolar”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br.
Dificuldades para ampliação da conectividade
A Pesquisa também revelou diversos dados sobre os diversos obstáculos que há para expanção da conectividade em relação a educação.
Conectividade nas Instituições de Ensino Fundamental e Médio:
- Acesso à Internet nas escolas:
- 80% das instituições conectadas oferecem acesso à Internet para os alunos.
- Distribuição do acesso por tipo de escola:
- Escolas particulares: 66% possuem acesso à Internet.
- Escolas municipais: 60% possuem acesso à Internet.
- Escolas estaduais: Diferentes espaços predominantes para acesso.
Locais de Acesso à Internet:
- Escolas particulares e municipais: Acesso principalmente dentro da sala de aula.
- Escolas estaduais: Laboratórios de informática e bibliotecas/salas de estudos são os espaços predominantes.
Fatores que Afetam a Conexão:
- Escolas estaduais:
- Sinal não chega a salas distantes: 55%.
- Internet não suporta muitos acessos simultâneos: 50%.
- Qualidade da Internet ruim: 41%.
- Escolas particulares:
- Sinal não chega a salas distantes: 21%.
- Internet não suporta muitos acessos simultâneos: 15%.
- Qualidade da Internet ruim: 14%.
- Escolas municipais:
- Internet não suporta muitos acessos simultâneos: 45%.
- Sinal não chega a salas distantes: 38%.
- Qualidade da Internet ruim: 35%.
Desafios para Professores:
- Obstáculos à utilização de tecnologias digitais:
- Falta de disponibilidade de computadores para professores e alunos (84%).
- Falta de acesso à Internet para atividades educacionais (53%).
- Dispersão dos alunos durante o uso de tecnologias digitais nas aulas (46%).
Perspectiva dos Estudantes:
- Razões para não usar a Internet na escola:
- Professores não utilizam Internet em atividades educacionais (64%).
- Proibição de uso do telefone celular na escola (61%).
- Proibição de acesso à Internet para os alunos (46%).
Importância da Conectividade na Educação:
- A conectividade desempenha um papel fundamental na educação.
- A qualidade da conectividade nas escolas afeta diretamente as oportunidades de uso dos recursos educacionais nas atividades de ensino e aprendizagem.
Formação dos professores
Para 75% dos professores, a falta de um curso específico é uma barreira que dificulta a incorporação das tecnologias digitais nas atividades educacionais com os alunos. Segundo dados da pesquisa TIC Educação 2022, 56% dos professores que lecionam em escolas de Ensino Fundamental e Médio afirmaram ter participado de programas de formação continuada relacionados ao uso de tecnologias digitais no ensino e na aprendizagem nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Entre as opções de qualificação disponíveis, os docentes da rede pública, tanto estadual (49%) quanto municipal (42%), mencionaram principalmente as ofertas de formação promovidas pelo governo, prefeitura e Secretaria de Educação como as mais frequentes. Por outro lado, no caso dos professores das escolas particulares, a formação oferecida pela própria escola, por meio de treinamentos internos (38%), e a capacitação proporcionada por empresas de tecnologia (30%) foram as mais prevalentes.
As áreas mais abordadas nas formações continuadas em que participaram foram o uso de tecnologias em sua disciplina de atuação (53%) e a aplicação das mesmas na avaliação dos alunos (53%). No entanto, em comparação com a pesquisa anterior realizada em 2021, a formação em iniciativas de educação a distância ou híbrida, que era proeminente, foi mencionada por um percentual menor de docentes, representando agora 39% das respostas.
Apoio em questões sensíveis
Os resultados da pesquisa destacam a relevância das escolas e dos professores no contexto da educação digital dos estudantes. Segundo a mais recente edição do estudo, 61% dos professores relataram que desempenharam um papel fundamental ao ajudar os alunos a lidar com situações sensíveis que enfrentaram na Internet. As razões pelas quais os estudantes procuraram os professores variaram e incluíram o uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (46%), casos de cyberbullying (34%), situações de discriminação online (30%), disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%) e assédio virtual (20%).
Além disso, observou-se que praticamente metade dos estudantes, em diferentes faixas etárias, buscaram orientação junto aos professores ou educadores da escola sempre que necessitaram de informações relacionadas ao uso das tecnologias digitais. Isso ocorreu em diversas faixas etárias, com 46% dos estudantes de 9 a 10 anos, 43% dos alunos de 11 a 12 anos, 43% dos jovens de 13 a 14 anos, 45% dos adolescentes de 15 a 17 anos e 28% dos estudantes com 18 anos ou mais procurando apoio nesse sentido.
“A TIC Educação oferece um mapeamento detalhado para a elaboração de políticas públicas que impulsionem a conectividade nas escolas e a geração de habilidades digitais entre a comunidade escolar. Assim, o CGI.br, por meio do NIC.br, oferece uma contribuição concreta para que o avanço da Internet ocorra com maior equidade no Brasil”, comentou Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.