O compartilhamento dos postes de energia elétrica com as empresas de telecomunicações foi um dos assuntos discutidos durante o Futurecom 2023. As companhias querem garantia de acesso à infraestrutura na nova resolução que está sendo desenvolvida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Representantes da V.tal, I-System, American Tower, FiBrasil E Infinera destacaram a importância da infraestrutura, tanto para garantir a competição no serviço quanto garantir o avanço do 5G no país. Além de que modelo deve preservar neutralidade, isonomia e não discriminação.
O diretor comercial da I-Systems, Márcio Estefan, diz que “A solução para o uso dos postes vai passar pelo que temos feito em compartilhamento de infraestrutura. O que a gente precisa e pleiteia é que nesse novo modelo tenhamos acesso aos postes. Não adianta ter um ‘posteiro’ com cinco, seis, sete pontos no poste e mais de 150 pessoas querendo usá-lo, porque gera uma escassez prejudicial”.
Já o vice-presidente da V.tal, Pedro Arakawa, fala da criação de um conjunto de medidas para o assunto.
“A questão dos postes precisa de um conjunto de medidas. O posteiro pode ser um caminho, mas não há dúvidas que a rede neutra é um elemento importante. Uma fibra compartilhada por vários provedores pode ser o início das medidas que vão resolver esse tema”.
Assim como o serviço de banda larga fixa, o segmento de telefonia móvel 5G também é fator importante na discussão do uso dos postes. Para o diretor sênior de fibra da American Tower, Daniel Laper, o “Poste afeta não apenas a banda larga fixa, mas também a telefonia 5G. É super importante para soluções de adensamento para que a telefonia móvel possa entregar o potencial total do 5G. E para que isso aconteça plenamente, precisa colocar equipamentos, com todos os elementos conectados por fibras que podem ser cativas ou podem ser de redes neutras”.
Redes Neutras
Não tem como discutir o assunto da banda larga fixa sem as redes neutras, uma vez que a fibra óptica está se tornado a principal tecnologia de conectividade. O desempenho das redes neutras tem impacto na qualidade e na competição do mercado e tende a se tornar regra na implantação da infraestrutura, segundo o CEO da FiBrasil, André Kriger.
“A rede neutra já responde por 18% da banda larga e e vai ser mais de 20% até o fim de 2023. E o que percebemos é que, toda vez que uma rede neutra chega em uma cidade, o nível de qualidade muda, inclusive a qualidade percebida pelo cliente. Hoje, temos cidades em que a rede viabilizou até cinco players operando. Olhando para os postes, vemos muito mais interesse do que os cinco pontos que têm espaço. Então seria possível que quem quer usar postes possa migrar para nossas redes”, afirmou.
Entretanto, o vice-presidente de vendas da Infinera, Gustavo Divinski, lembra que o compartimento de postes não é um problema exclusivo do Brasil, mas destaca que a lógica do compartilhamento faz sentido para reduzir custos. “A redução do Capex é o mais importante. Ao permitir compartilhar, cai o custo do acesso e isso representa um impacto social do acesso à conectividade”.