22/12/2024

Governos podem vigiar consumidores através de anúncios em smartphone; entenda

Coleta de informações dos indivíduos começa a partir do momento em que um aplicativo que possui suporte a publicidade é aberto.

Quem nunca realizou uma pesquisa em seu smartphone e minutos depois se deparou com uma enxurrada de anúncios e propagandas sobre aquele determinado produto. Não é nenhuma novidade que tudo que fizemos em nosso smartphone é registrado e monitorado, assim como nos dispositivos como computadores, TVs e tablets que estão conectados à internet.

Acontece que, de acordo com o The Wall Street Journal, a tecnologia incorporada nos dispositivos para apresentar esses anúncios podem ajudar os governos mundo afora a vigiar esses consumidores. As informações de aplicativos móveis e redes de propaganda conseguem construir um retrato muito bem detalhado das atividades online de bilhões de dispositivos.

Essas informações, juntas com os dados classificados em registros governamentais, podem gerar uma imagem super detalhada de comportamentos de um indivíduo, tanto no mundo online, como no mundo real.

De acordo com um relatório recém-divulgado pela comunidade de inteligência dos EUA, os dados coletados pelas empresas de tecnologia expõem informações sensíveis de todos “de forma bem distante do que os estadunidenses parecem entender, e mesmo poucos deles podem evitar”.

Inclusive, o jornal afirma que conseguiu identificar uma rede de corretores e trocas de publicidades, cujos dados fluem de apps para o Departamento de Defesa e agências de inteligência dos EUA por meio de uma companhia chamada Near Intelligence.

Isso acontece a partir do momento em que abrimos um aplicativo que possui suporte a anúncios, onde a informação é levada para um transmissor de dados que passa por várias mãos e termina nas várias agências governamentais.

Embora apenas um anúncio consiga aparecer para o usuário, milhares estão brigando por aquele espaço e recebendo acesso a seu dispositivo, como ID de usuário, geolocalização, endereço de IP e o tipo de dispositivo. Os corretores de dados coletam as informações dos smartphones em troca de publicidade. Inclusive, vendem informações umas às outras.

Nos Estados Unidos, a Near Intelligence usou dados das empresas de trocas OpenX, Smaato e AdColony. Todas afirmaram que suspenderam seus corretores de dados que violaram seus termos ao coletar e revender os dados. Segundo o WSJ, Mobfox e Tamoco são duas corretoras que venderam tais dados à Near. Outra desse tipo, a SafeGraph, alega não vender mais dados, segundo um porta-voz.

Tais agentes e entidades de repasse provêm os dados digitais para o governo norte-americano, que podem ser usados para cibersegurança, contraterrorismo, contrainteligência e segurança pública.

Um desses aplicativos que “roubam” essas informações e as repassam é o Life 360, app de segurança familiar que gera grandes quantidades de informação sobre os “passos” do dispositivo. Mas segundo um porta-voz da empresa, o app Life 360 saiu do negócio de corretagem de dados.

FonteWSJ
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