No Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos, ocorreu uma manifestação inusitada, realizada por funcionários terceirizados nesta terça-feira (3), em protesto contra a proibição do uso de celulares em áreas de segurança do aeroporto. Essa paralisação teve um impacto significativo, afetando mais de 30 voos ao longo do dia.
A manifestação teve início às 3 horas da manhã, quando os funcionários organizaram uma passeata pelos saguões do aeroporto e interromperam o processo de descarregamento de bagagens.
A proibição de uso de celulares foi imposta pela Receita Federal em áreas consideradas sensíveis para a segurança do aeroporto. Os trabalhadores terceirizados argumentam que não podem aceitar ficar incomunicáveis enquanto desempenham suas funções no aeroporto. Esta medida gerou um descontentamento significativo entre eles, levando à manifestação como forma de protesto.
A justificativa principal por trás dessa ação é a preocupação com o uso indevido desses dispositivos pelo crime organizado. A Receita Federal enfatizou que os criminosos têm utilizado cada vez mais telefones celulares pessoais como ferramentas para a prática de crimes, especialmente quando esses dispositivos são usados para registrar detalhes e procedimentos relacionados à segurança.
Essa restrição é parte de um esforço mais amplo das autoridades para aprimorar a segurança nos aeroportos e portos, com o objetivo de combater as atividades ilegais que podem ameaçar a integridade do transporte de passageiros e mercadorias. A preocupação é que os criminosos utilizem telefones celulares para documentar informações sensíveis sobre procedimentos de segurança, planejando ou coordenando atividades ilícitas.
Em março deste ano, duas brasileiras, Kátyna Baía e Jeanne Paollini, foram presas na Alemanha devido a uma troca acidental de etiquetas de bagagem que resultou em suas malas sendo usadas para transportar cocaína. Após as autoridades brasileiras esclarecerem o equívoco, as duas foram libertadas e retornaram ao Brasil.
No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Prestadoras de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo do Estado de São Paulo expressou preocupações com a proibição abrupta do uso de celulares nos aeroportos, alegando que muitos trabalhadores dependem dessa comunicação, especialmente em situações urgentes, como cuidar de filhos pequenos, familiares doentes ou mulheres grávidas. Eles pediram a liberação do uso de telefones celulares em todas as áreas dos aeroportos.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) está acompanhando a situação no Aeroporto de Guarulhos em resposta às preocupações levantadas pelo sindicato, para avaliar a implementação da proibição de celulares e suas implicações na segurança e comodidade dos passageiros e trabalhadores aeroportuários.