O fim do 2G e 3G está chamando a atenção. A Associação Brasileira de Internet (Abranet) solicitou à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que tenha precaução ao acelerar o processo de desligamento dos sinais 2G e 3G no Brasil.
Isso se deve ao fato de que a interrupção desses serviços terá impactos significativos na economia do país e na conectividade da população, especialmente em áreas rurais e regiões remotas, que ainda dependem das tecnologias 2G e 3G para acessar a internet.
No dia 1º de novembro, a Abranet apresentou contribuições à Anatel em resposta a uma consulta pública sobre medidas para promover a transição tecnológica dos padrões 2G e 3G para os padrões 4G e 5G. O documento da Abranet ressalta a importância de considerar que a cobertura das redes de telecomunicações móveis no Brasil ainda é limitada às sedes dos municípios e aos grandes centros urbanos ao se adotarem eventuais medidas de incentivo à transição tecnológica.
Segundo a Abranet, a falta de infraestrutura de telecomunicações em grande parte do Brasil, especialmente em áreas rurais e remotas, está levando muitos usuários a depender de tecnologias mais antigas, como 2G e 3G, para acesso à Internet.
A instituição também afimou que, no entanto, a falta de regulamentação e interesse econômico tem deixado essas áreas desatendidas. Cerca de 2 milhões de pessoas nessas regiões dependem de antenas externas e reforçadores de sinal, mas a regulamentação da Anatel tem dificultado o uso desses equipamentos. Isso representa um desafio significativo para a conectividade nessas áreas.
“Boa parte do território nacional não possui cobertura planejada e muito provavelmente não terá no futuro por falta obrigação regulatória e interesse econômico. Consequentemente, o acesso à Internet em sistemas móveis, principalmente em áreas rurais e remotas, depende consideravelmente dos padrões 2G e 3G e uma eventual descontinuidade prejudicaria enormemente tais populações”.
A Abranet sugere à Anatel a redução de barreiras regulatórias em áreas rurais, promovendo o acesso a antenas e reforçadores de sinal em todas as tecnologias celulares. Eles também propõem alinhar a regulamentação brasileira com práticas internacionais, como as adotadas nos EUA pela FCC.
Além disso, a associação também deu a ideia de que hajam investimentos em infraestrutura 4G/5G, campanhas de conscientização, subsídios para dispositivos móveis, planos acessíveis, compartilhamento de infraestrutura e parcerias com provedores para impulsionar a adoção dos novos padrões.
A Abranet expressou preocupação também com a falta de planejamento no desligamento das redes 2G e 3G, apontando severos impactos negativos para o setor de meios de pagamento, varejistas e consumidores brasileiros.
Segundo a entidade, muitos estabelecimentos comerciais dependem dessas redes para operar equipamentos de pagamento, mesmo que alguns sejam compatíveis com 4G/5G. A cobertura 4G/5G ainda é limitada nos estabelecimentos, e a substituição dos terminais é um processo gradual devido aos custos envolvidos. A vida útil dos equipamentos é de cerca de cinco anos. Isso afetaria diretamente o poder de consumo, o comércio e a economia do país.