Neste domingo (05), a Telecom Italia (Grupo TIM), aprovou a venda de sua rede de telefonia fixa para a empresa norte-americana de private equity KKR, um acordo de R$ 19 bilhões de euros (pouco mais de R$ 115 bilhões), com apoio do governo italiano. Com isso, torna-se o primeiro grupo de telecomunicações num grande país europeu a separar-se da sua rede fixa.
A empresa realizou uma série de reuniões na sexta-feira (03), que se estendeu até domingo, quando aprovou a venda da NetCo com 11 diretores a favor e três contra, sem condicionar a decisão a um voto dos acionistas. O negócio inclui também a compra da FiberCop, por uma empresa controlada pela KKR, conforme declarado em um comunicado.
A decisão foi tomada apesar da oposição do maior acionista da empresa, a Vivendi – que tem 23,75% do capital da companhia, enquanto 44,2% estão nas mãos de investidores institucionais globais e outros 17,8% pertencem a acionistas em geral. Para a acionista, é “ilegal” a decisão de prosseguir sem o voto dos acionistas e disse que usaria “qualquer meio legal à sua disposição para contestá-la”.
A venda dos ativos do Grupo TIM, que é apoiado pela administração conservadora da primeira-ministra Giorgia Meloni, é um elemento-chave dos planos do CEO da TIM, Pietro Labriola, parte no plano de reestruturação lançado em 2022, com o objetivo de superar sua integração vertical, separando seus ativos de infraestrutura de rede fixa dos serviços que a TIM continuará a fornecer aos seus clientes de varejo.
O preço da venda de 18,8 mil milhões de euros, incluindo dívida, poderá chegar a 22 mil milhões de euros, pois os ganhos estão ligados à ocorrência de determinadas condições que podem elevar o valor até 22 mil milhões de euros. O lucro está principalmente ligado a uma combinação há muito discutida da rede da TIM com a da rival de fibra óptica Open Fiber, apoiada pelo Estado, para criar uma rede unificada de telecomunicações, disseram fontes anteriormente à Reuters.
Com o acordo, que deve ser concluído até o verão de 2024, vai permitir que o Grupo TIM reduza sua dívida financeira em cerca de 14 mil milhões de euros.
“Dois anos de trabalho árduo culminam numa decisão histórica: criar duas empresas com novas perspectivas de crescimento”, disse Labriola em comunicado.
No que diz respeito à oferta não vinculativa sobre a Sparkle, unidade de cabos submarinos da Telecom Italia, o Conselho não aprovou a proposta, considerando-a insatisfatória e estendeu o prazo até 5 de dezembro para verificar a possibilidade de uma oferta mais alta. Essa subsidiária foi anteriormente avaliada em cerca de € 1 bilhão.
Também foi rejeitado pela companhia, um plano alternativo apresentado nas últimas semanas pela empresa de investimentos Merlyn Advisors, com sede em Londres, que a Vivendi pediu ao conselho para avaliar, cujo novo plano incluía a venda da TIM Brasil.
“Merlyn… reserva-se o direito de tomar quaisquer medidas para que o conselho convoque… uma assembleia de acionistas para decidir se o plano aprovado no domingo é o que os acionistas desejam”, disse Merlyn em nota.