O professor Peter Becker, responsável por um projeto com a Universidade George Manson e o Laboratório de Pesquisa Naval, nos Estados Unidos, emitiram alerta sobre as atividades solares que podem causar um “apocalipse da internet” por meses. A supertempestade solar, segundo os especialistas, pode afetar todo o planeta em 2024.
A supertempestade solar seria resultado de explosões solares que lançam massa coronal (EMC) para a Terra, interferindo no campo magnético do planeta. O projeto tem o objetivo de criar um sistema para alertar a população cerca de 18 horas antes que as partículas solares comecem a alterar o campo magnético terrestre.
Segundo o Centro de Previsão do Clima Espacial da NOAA, o Ciclo Solar 25, que prevê uma supertempestade solar, deve ocorrer antes do previsto. Acontece que inicialmente, estudos mostraram que algo do tipo só aconteceria em julho de 2025, mas Becker diz que a fase mais intensa da tempestade será em 2024.
Segundo o cientista, esta é a primeira vez na história que houve uma convergência entre o aumento da atividade solar com a dependência da internet pelo ser humano. Ele explica que há grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura, que são gerados na coroa solar.
Nesse caso, quando o gás atinge o campo magnético terrestre, tempestades geomagnéticas podem ser causadas, o que prejudica os meios de comunicações e as estações elétricas.
“A internet atingiu a maioridade durante uma época em que o Sol estava relativamente calmo. Agora, ele está entrando em uma época mais ativa. Esta é a primeira vez na História da Humanidade que houve um aumento da atividade solar com tamanha dependência da internet”, diz o professor.
Além da internet, a rede elétrica, os cabos de fibra óptica, sistema de navegação como GPS, satélites e equipamentos de comunicação podem sofrer danos que deverão levar meses para serem reparados.
Importância do aviso
O cientista explica que a ejeção de massa coronal do Sol em decorrência da tempestade solar pode se dirigir a outra direção do espaço, mas se vier à Terra, elas chegam em oito minutos, o que, segundo ele, “dá cerca de 18 a 24 horas de aviso antes que essas partículas cheguem” ao planeta e “comecem a mexer com o campo magnético”. Tempo essencial para que os aparelhos sejam desligados e não fritem.
“Há coisas que podem ser feitas para mitigar o problema, e o alerta é um deles. No longo prazo, estamos falando sobre um fortalecimento da internet, o que é um desafio econômico, e o projeto funcionaria como uma apólice de seguro. Você pode nunca precisar disso, e custaria trilhões para realmente fortalecer o sistema”, conta Becker.
Essa não seria a primeira que ocorreu uma supertempestade solar, em 1859, Becker explica que no evento de Carrington, “faíscas literalmente voaram das linhas telegráficas. Alguns operadores foram eletrocutados, porque os fios carregavam alta tensão”.
“Isso não deveria acontecer, mas as variações do campo magnético tornaram-se tão fortes que quase viraram um gerador. Agora, a CME poderia realmente fritar os sistemas por várias semanas a meses, e toda a infraestrutura vai precisar ser reparada”, explica Peter Becker.