02/11/2024

Brasil perdeu 1,2 mil provedores de internet, segundo pesquisa do CGI.br

Levantando também traz outros dados em relação às empresas do tipo, como a preocupação com relação à proteção de dados dos clientes.

Nesta quinta-feira (07), o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou a pesquisa TIC Provedores 2022, onde registrou um total de 11.630 provedores de acesso à Internet no final do ano passado, representando uma queda de 9,32% em relação a 2020, quando contava com 12.826 empresas do tipo.

Conforme os dados, o Brasil perdeu 1,2 mil provedores de acesso à Internet, considerando que o país passou pelo período de pandemia do covid-19. O objetivo da pesquisa é mapear a infraestrutura de provimento de acesso e serviços de internet no país.

O segmento vêm passando nos últimos anos por um processo de consolidação, mas o coordenador da TIC Provedores, Leonardo Melo, destaca também um segundo fator por detrás da retração: o fechamento de ISPs, principalmente os de menor porte. “Há tanto um aspecto de fusão e aquisição como também de redução de empresas, sobretudo porque temos uma diminuição na proporção de microempresas”, explicou.

“Pode ser que microempresas tenham ficado pelo caminho. Ao mesmo tempo, surgiu um número de empresas maiores, porque houve um aumento da proporção de médias empresas”, complementa.

Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), diz que “Nos últimos anos, tem-se observado uma tendência de fusões e aquisições e maior interesse de fundos de investimento no setor, o que pode ser uma das explicações para o crescimento na participação das médias empresas. Isso demonstra que a consolidação é um movimento em curso no mercado brasileiro”.

Embora tenha tido uma redução no número de provedores desde 2020, o mercado brasileiro continua altamente pulverizado, quando comparado a outros países, como os Estados Unidos. Lá, o total de ISPs é de 2.924, segundo dados compilados pelo portal BroadbandNow junto à Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês).

A nova edição do relatório também indica que houve aumento na quantidade de médias empresas que oferecem o serviço de internet. O percentual passou de 13% para 17% no período. Já a participação das microempresas (com até nove pessoas ocupadas) diminuiu no setor, caindo de 56% para 46%.

Vale lembrar que essa queda no número de pequenos provedores já foi apontada pelo CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, quando afirmou que a quantidade de empresas do tipo iria cair drasticamente nos próximos anos, caindo pela metade, ou até mesmo um terço.

A concorrência é um dos fatores para essa queda, assim como a mudança no mercado e falta de capacidade de investimento de muitas dessas companhias, que já enfrentam forte concorrência nos mercados mais periféricos, não atendidos pelas grandes operadoras.

O executivo ainda disse que a situação é ruim também até para os provedores irregulares, que não recolhem impostos e ocupam postes à revelia.

Quanto a tecnologia usada

Quando se trata da tecnologia usada nos serviços de internet, o levantamento indica que a fibra óptica continua a ampliar sua predominância no Brasil. Em 2022, 95% dos provedores ofereciam serviço de acesso à web por meio dessa tecnologia, contra 89% em 2020.

O acesso sem fio (wireless) via frequência livre é a segunda tecnologia mais usada. Em 2022, 60% dos provedores reportaram prestar esse tipo de serviço. O percentual é menor que o registrado dois anos antes, quando esse tipo de acesso era parte do portfólio de 71% das empresas.

A tecnologia ADSL, que permite o acesso à internet por meio de linha telefônica fixa convencional, está em desuso, mas ainda era oferecida por 8% dos provedores em 2022, mais que a conexão via satélite (3%), que triplicou sua participação em reação ao 1% registrado em 2020. A expansão se deu por conta da entrada no país de novos competidores neste segmento.

Quanto a proteção de dados

A pesquisa também revelou que quatro em cada dez provedores de internet no Brasil contaram neste ano com um departamento ou uma equipe de funcionários atuando exclusivamente para proteger dados pessoais dos clientes.

Em relação a outros setores, o resultado é superior, uma vez que 23% das empresas como um todo do país dispõem de iniciativas semelhantes. No ano passado, o número chegou a 40%. As empresas adotaram medidas para seguir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), sendo que a mais utilizada foi a realização de testes de segurança contra vazamento de dados (58%).

Já 57% dos provedores desenvolveram uma política de privacidade que deixou mais claro como irão usar os dados pessoais dos consumidores. Uma parcela de 30% das empresas optou por atribuir a um empregado a função de zelar pela proteção de dados pessoais, proporção que é somente de 17% entre o total das empresas brasileiras, segundo a TIC Empresas 2021.

Quando se trata dos ataques, 23% dos provedores de internet afirmaram terem sofrido ataques de negação de serviços (DDoS) em 2022, mesmo patamar registrado no levantamento anterior, de 2020. Ao todo, 34% das empresas com mais de 6 mil clientes foram alvo desse tipo de ataque, contra 24% das que fornecem o serviço para menor número de clientes.

Aprimoramento do mercado

O levantamento da TIC também aponta que houve um crescimento na participação de provedores em Pontos de Troca de Tráfego (PTT) ou no IX.br (Brasil Internet Exchange) – este último uma inciativa do NIC.br, responsável por implantar e promover a infraestrutura necessária para a interconexão metropolitana direta entre as redes que compõem a Internet no Brasil.

Atualmente este é o maior conjunto de PTT do mundo, com 36 Pontos distribuídos pelas cinco regiões brasileiras. Segundo o estudo, a proporção subiu de 30% para 37%.

Em relação às regiões, houve um aumento de provedores do Nordeste e do Centro-Oeste em pontos de troca de tráfego durante o período. Na primeira região, a porcentagem passou de 24% para 38%. A mesma elevação de 14 pontos percentuais foi observada no Centro-Oeste (de 20% para 34%).

“A presença dos provedores em PPT melhora, de forma efetiva, a troca de tráfego entre provedores, o que, na prática, pode significar um incremento substancial na qualidade da Internet que chega aos usuários do serviço”, avalia Fabio Senne, coordenador de pesquisas TIC do Cetic.br.

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