Em palestra durante o IX Fórum 17, realizado na 13ª Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil, Gilberto Zorello, do NIC.br, afirmou que o projeto de uso dos chamados white spaces (espaços em branco, em português) para acesso à Internet no Brasil está em fase de conclusão. O termo white spaces refere-se a frequências atribuídas a um serviço de radiodifusão, mas que não são utilizadas localmente.
O projeto é uma cooperação e coordenação entre o Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br, com desenvolvimento feito pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e Universidade Federal do Ceará (UFC) e apoio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Vale ressaltar que o uso dos white spaces já está autorizado pela Anatel desde setembro de 2021. Desde então, as empresas visam essas fatias de espectro ociosas para aumentar o alcance do sinal e expandir a oferta de banda larga via rádio, principalmente, em localidades remotas ou de difícil acesso.
“Existe a necessidade da ampliação da conectividade entre os residentes de áreas rurais, remotas e de difícil acesso — de conectar os desconectados — e há disponibilidade de espectro de radiofrequência ocioso na faixa de TV em regiões rurais e remotas que pode ser utilizado sem onerar os serviços prestados”, explicou Gilberto Zorello.
As faixas são visadas, pois conseguem vencer barreiras como árvores, montanhas, paredes com pouca perda de potência e são locais aos quais a TV Digital pouco chega. Assim, existem canais livres. “Estão disponíveis novas técnicas de comunicação que podem melhor explorar o TVWS”, destacou Zorello.
O que buscam agora é fazer o uso desses espectro de radiodifusão ocioso na faixa dos canais de TV, em modo secundário, em localidades não atendidas para provimento de acesso à Internet. No caso, para que não ocorra a interferência nos serviços primários, a Inatel desenvolveu rádio e a ocupação dos canais deve ser realizada por sistema georreferenciado.
“Propusemos uma solução baseada em rádio cognitivo operando em white spaces. Estamos usando espectro, porque está disponível e é uso não licenciado, então, o custo é baixo, mas a rede tem de ser capaz de saber o que está acontecendo e se adequar de forma autônoma”, detalhou Luciano Leonel Mendes, da Inatel.
Entretanto há alguns pontos que devem ser considerados, como o transmissor que não pode ter filtro de RF, o sinal deve ter baixa emissão fora da faixa, deve ser possível realizar a alocação fragmentada ao espectro e o sistema deve ter robustez às interferências dos sinais de TV. Além do espectro estar livre.
Conforme teste da Inatel, o sinal TVWS pode ser até 28.8 dB mais forte que o sinal de TV sem causar interferência e que, se não houver interferência no sinal de TV com potência, pode ter pico de até 10 W. “Ao invés de restringir a potência no canal, as regulamentações do TVWS deveriam restringir a ACLR”, disse Mendes.