Em comunicado divulgado nesta semana, a SpaceX anunciou que vai derrubar cerca de 100 satélites da Starlink da órbita da Terra. A operação se dá pela preocupação de que as espaçonaves podem falhar em órbita e não possam mais ser manobradas. A permanência desses artefatos no espaço é um risco.
O objetivo da operação, assim como explica a própria empresa em postagem no X (antigo Twitter), é manter o espaço seguro e sustentável, reduzindo o número de espaçonaves potencialmente perigosas ao redor da Terra. Esses satélites fazem parte da versão inicial 1 da Starlink.
“Esses satélites estão atualmente manobráveis e servindo efetivamente os usuários, mas a equipe Starlink identificou um problema comum nesta pequena população de satélites que poderia aumentar a probabilidade de falha no futuro. Os satélites seguirão uma operação segura, circular e controlada, que deve levar cerca de seis meses para a maioria dos veículos“, explicou a empresa, em nota.
A SpaceX disse que os satélites que estão sendo desorbitados reduzirão suas órbitas gradualmente ao longo de cerca de seis meses. “Todos os satélites manterão capacidade de manobra e capacidade de evitar colisões durante a descida”, afirmou a empresa. “Além disso, esses satélites em desorbitação assumirão a responsabilidade de manobra por quaisquer conjunções de alto risco consistentes com as melhores práticas de segurança espacial e sustentabilidade”, complementa.
Durante a operação, a SpaceX afirma que irá monitorar a posição dos artefatos e garantir que não cruzem o caminho de outras coisas no caminho. Todos os satélites manterão capacidade de manobra e capacidade de evitar colisões durante a descida, e assim que fizerem reentrada na Terra, eles serão desintegrados.
Ainda de acordo com o comunicado, esse tipo de procedimento (chamado de “descida controlada”) implica na perda de satélites da constelação da companhia que servem os usuários finais. “Mas acreditamos que é a atitude correta para manter o espaço seguro e sustentável“, explicou a Starlink.
Entretanto, a SpaceX diz que os clientes não serão afetados, pois a empresa tem a capacidade de construir até 55 satélites por semana e lançar mais de 200 satélites por mês. Ou seja, pode compensar a redução dos satélites em um curto período de tempo. Inclusive, o crescimento da constelação Starlink, de longe a maior em órbita, desencadeou um debate sobre a gestão do tráfego espacial e a sustentabilidade do espaço.
Durante um painel de discussão em uma conferência sobre detritos espaciais organizada pela Agência Espacial Saudita em 12 de fevereiro, Ernst Pfeiffer, executivo-chefe da empresa alemã de componentes espaciais HPS, pediu novas regras para desorbitar satélites dentro de cinco anos após o fim de suas vidas, versus o 25 anos anteriormente endossados por organizações como o Comitê Interinstitucional de Coordenação de Detritos Espaciais, ou CID.
“Isso pode ser introduzido amanhã, um prazo de saída de órbita de cinco anos”, disse ele, após o qual regras mais complexas podem ser desenvolvidas. “Isso é urgentemente necessário e, surpreendentemente, Elon Musk já está introduzindo isso com a SpaceX.”