02/11/2024

Após rompimento de cabos, internet ficará mais lenta nos próximos 30 dias

De acordo com o CTO da Angola Cables, Lucenildo Júnior, o rompimento de cabos submarinos ocorrido no Mar Vermelho impacta toda a internet.

No início do mês noticiamos um alerta em relação ao serviço de internet no mundo que poderá ser afetado pelo rompimento de cabos submarinos no Mar Vermelho. Embora não afete diretamente as conexões no Brasil, o problema causa um problema global, uma vez que a Internet é uma rede das redes e totalmente interligada.

Com isso, nos próximos 30 dias, a internet ficará mais lenta para acessar sites, especialmente, os hospedados fora do Brasil. A região asiática será a mais afetada com o rompimento de três cabos submarinos, resultado de uma ação militar dos Houthis (grupo militar ligado ao Irã que atua no Iêmen) numa disputa com os Estados Unidos.

De acordo com o CTO da Angola Cables, Lucenildo Júnior, cuja empresa construiu o primeiro cabo submarino de fibra óptica entre a África e América do Sul para transmissão de dados, “uma falha como essa impacta toda a internet”.

“Os cabos são interligados. As rotas de redundâncias foram acionadas, mas se tem consequências. A Europa, por exemplo, está tendo seu tráfego desviado para Los Angeles, nos Estados Unidos, para depois ir para a Ásia. A Internet funciona, mas fica sobrecarregada. O tráfego aqui na América do Sul foi impactado. Fortaleza, onde temos 17 cabos submarinos, está sendo muito mais demandada”, afirma o CTO.

Lucenildo Júnior explica que um boa parte do tráfego internacional da Internet para a Ásia está sendo feito por cabos submarinos operados pela Angola Cables, via África do Sul, para chegar a Singapura. “Essa é uma rota muito mais longa que a tradicional. Isso significa que a latência no tráfego de dados aumenta. É como ir para um lugar pela rota mais longa. Vai chegar? Vai, mas vai se levar muito mais tempo“, detalha.

Segundo o especialista,os dados dos Estados Unidos estão sendo encaminhados do ponto de interconexão de Miami para o de Fortaleza (via cabo Monet). De lá, são enviados para o ponto de interconexão de Luanda (via cabo South Atlantic Cable System, o SACS). Na Europa o procedimento está sendo o mesmo, com os dados sendo enviados para Luanda, pela costa oeste da África (via West Africa Cable System, o WACS).

Usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza

Para Lucenildo Júnior, a obra é um risco evidente para os cabos submarinos, destacando que “em lugar nenhum do mundo existe projeto semelhante perto de cabos submarinos“. E ainda comenta que o afastamento da usina em 500 metros na praia do Futuro, tem impacto zero.

“O mar tem suas peculiaridades, incidências de correntes e outras variáveis. De novo: em lugar nenhum do mundo se tem uma usina dessalinazadora junto a cabos submarinos. Na Austrália e em Israel, as usinas ficam bem longe dos cabos e de lugares com população”, completa Lucenildo Junior.

Ele ainda chama atenção para a possibilidade de um apagão no Brasil, caso um dos cabos submarinos sejam rompidos. “Um possível rompimento em Fortaleza vai levar mais tempo ainda para corrigir. A equipe de restauração mais próxima fica em Curuçao, no Caribe. Se um dos 17 cabos forem rompidos, teremos uma grande possibilidade de apagão da internet no Brasil“, pontua.

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