De acordo com o No Tech for Apartheid Campaign, grupo ativista que representa trabalhadores, o Google demiitiu mais 20 funcionários que se manifestaram contra um projeto da empresa contratado pelo governo de Israel. A 2ª rodada de desligamentos foi anunciada na segunda-feira (22). Antes, a big tech já tinha demitido 30 empregados pelo mesmo motivo.
Em comunicado, o grupo que lidera o movimento disse que a empresa tenta “reprimir a dissidência, silenciar seus trabalhadores e reafirmar seu poder sobre eles”. Também afirma que as demissões foram realizadas porque “o Google valoriza seu lucro e seu contrato de US$ 1,2 bilhão com o governo e os militares israelenses mais do que as pessoas”.
Segundo o jornal americano Washington Post, o Google investigou mobilizações em suas sedes em Sunnyvale (Califórnia) e Nova York. O chefe-executivo da empresa, Sundar Pichai, disse que a conhecida abertura da empresa ao debate se limita a tópicos de trabalho, não a decisões políticas. No comunicado interno, ele diz que os funcionários não deveriam usar a empresa como uma “plataforma pessoal” ou “lutar por questões inconvenientes ou debater política”.
“Nós temos uma cultura vibrante de diálogo aberto que nos permite criar produtos incríveis e transformemos ideias em ações”, ele disse. “Mas, antes de qualquer coisa, nós somos um local de trabalho e nossa política está clara: nós somos um negócio”, afirma.
As demissões estão relacionadas ao Project Nimbus, um contrato conjunto de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,3 bilhões) com a Amazon para fornecer ao governo israelense serviços de IA e nuvem. O acordo foi firmado em 2021, mas ganhou mais oposição agora em meio à guerra em Gaza.
As mobilizações foram convocadas pela organização No Tech for Apartheid. Houve protestos em escritórios do Google em Nova York, Seattle e Sunnyvale, na Califórnia, nos Estados Unidos. Manifestantes em Nova York e na Califórnia fizeram uma ocupação que durou quase 10 horas, documentada em uma transmissão ao vivo na plataforma Twitch. Nove deles foram presos na terça à noite sob acusação de invasão.
Os manifestantes afirmam que Israel usa a tecnologia para prejudicar os palestinos na guerra em Gaza e que continuarão se organizando até que o Google cancele a iniciativa. A empresa nega a alegação. Segundo um representante da big tech, o contrato Nimbus “não é direcionado para trabalhos sensíveis, confidenciais ou militares relevantes para armas ou serviços de inteligência“.