De acordo com o Indicador de Conectividade Rural (ICR) divulgado pela ConectarAgro nesta quarta-feira (17), somente 19% da área agrícola produtiva no Brasil possuem cobertura 4G ou 5G adequadas para atividades operacionais. Não entra no índice, desenvolvido em colaboração com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), reservas e áreas não produtivas.
A maior parte dessa área agrícola sem conectividade está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. Além de que, essencialmente, são conexões feitas pelo 4G. “Isso é muito baixo, se considerarmos que o agronegócio responde por quase 30% da produção do País”, diz Ana Helena de Andrade, presidente da associação em fim de mandato.
“A mensagem com essa pesquisa é que o grande ganho da produtividade no campo será impactado pelo digital. Se levarmos a infraestrutura (de conectividade) aos outros 80% do rural, a produtividade vai crescer. Isso significa mais comida na mesa”, completou.
Atualmente, segundo o ICR, considerando especificamente a área de uso agropecuário, somente 37,4% das propriedades rurais estão conectadas.
A média atual do ICR em municípios rurais no país é de apenas 0,45, numa escala variável que vai de 0 a 1. quanto mais próximo de 1, melhor as condições de conectividade. A unidade da federação com melhor indicador de conectividade rural é o Distrito Federal, com 0,8 ICR. E a pior é o Amazonas, com 0,1. Por cidade, Porto Alegre tem o melhor ICR (1,0) e Maués/AM, o mais baixo (0,005).
Foram necessários 18 meses para que o Indicador de Conectividade Rural fosse elaborado, e a conectividade da agricultura brasileira teve como base os dados públicos (Anatel, Embrapa, Cert.br, Ministério da Agricultura) e as divide em quatro pilares:
- Produção, área com conectividade 4G ou 5G propriamente dita;
- Social, que contabiliza em áreas rurais de pequenas propriedades e escolas com pelo menos 1 Mbps por aluno e postos de saúde conectados com rede celular 4G ou 5G;
- Ambiental, áreas de conservação públicas, privadas ou indígenas com cobertura 4G/5G;
- Infraestrutura com backhaul de fibra em município agroprodutor.
O índice ainda contempla subcritérios, abrangendo aspectos produtivos, sociais (escolas e unidades de saúde), ambientais (áreas de conservação e reservas indígenas) e de infraestrutura (presença de backhaul de fibra óptica).
Com o indicador será possível orientar políticas públicas e investimentos privados, disponibilizando um mapa de pontos de melhoria e oportunidades de expansão da conectividade no setor agrícola. “Esperamos que o indicador sirva de instrumento para políticas públicas assertivas”, complementou Ana.
“Com o ICR, esperamos não apenas mensurar, mas também catalisar melhorias significativas na conectividade rural, capacitando agricultores e comunidades para prosperarem na era digital”, declara a atual presidente da ConectarAGRO, Paola Campiello.