O Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, propõe a disponibilização de uma linha de crédito subsidiada para ajudar emissoras de televisão a se adaptarem à TV 3.0, a próxima fase após a transição do sistema analógico para o digital.
A nova tecnologia promete melhorias significativas, como resolução de imagem de 4k a 8k, som aprimorado e recursos interativos, como a capacidade de realizar compras na TV aberta através do controle remoto. O Ministério das Comunicações irá detalhar esses benefícios em um evento na quarta-feira (3).
O Ministério das Comunicações está aguardando a definição da tecnologia a ser adotada para o novo modelo de TV, com previsão de anúncio até o final do ano. Duas opções estão sendo consideradas: a japonesa Advanced ISDB-T e a norte-americana ATSC 3.0.
É importante destacar que, no primeiro mandato do presidente Lula, em 2006, o governo optou pela tecnologia japonesa para a implementação da TV digital no Brasil. No entanto, esse processo ainda não foi concluído completamente, o que ressalta a relevância da escolha da tecnologia para o novo modelo de TV.
O governo estendeu o prazo para encerrar as transmissões analógicas de TV aberta até junho de 2025 em mais de mil cidades. A transição visa promover a adoção da TV 3.0, uma versão avançada da TV digital, que oferece melhor qualidade de imagem com resoluções como 4K e 8K, som imersivo semelhante ao de salas de cinema e recursos interativos.
O deputado e ministroJuscelino Filho destaca que a TV 3.0 é mais tecnológica, oferecendo mais ferramentas e inovações, permitindo aos espectadores interagir diretamente com os conteúdos, como realizar compras diretamente pela tela da TV.
“A TV 3.0 é uma evolução da TV digital. É uma televisão ainda mais tecnológica, com mais ferramentas, inovações, é a TV aberta com uma qualidade de imagem muito melhor, com qualidades 4K, 8k, com som imersivo, que é o som que você vê numa sala de cinema, por exemplo”.
O político ainda afirma que a interação com a TV será semelhante a que é feita com um computador atualmente.
“Uma das grandes novidades é justamente a questão da interatividade. Você vai ter uma televisão conectada. Por exemplo, passou uma propaganda e você se interessou naquele produto. Você vai poder buscar na própria tela e comprar, como numa tela de um computador.”
O modelo TV 3.0 promete permitir que emissoras de TV aberta segmentem sua programação e anúncios de forma mais sofisticada, similar ao que já ocorre em plataformas de streaming como Netflix e Amazon Prime nas Smart TVs.
Isso significa que a TV aberta deixará de utilizar números de canais tradicionais, sendo acessada por meio de aplicativos instalados nas TVs. Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico em março que o novo formato “derruba as barreiras entre a TV e o universo digital” e que a empresa irá aderir e investir na TV 3.0.
O Ministério destaca as duas décadas de transição do sistema analógico para o digital, porém não estabelece um prazo definido para a implementação da TV 3.0 ou quando as primeiras regiões terão acesso a esse novo modelo.
Junto com a adoção do novo padrão tecnológico, surge um debate sobre as fontes de financiamento que as emissoras de TV necessitarão para adotar essa tecnologia, incluindo a aquisição de novos equipamentos e linhas de transmissão.
O Ministro enfatiza a importância da inovação, mas ressalta a necessidade de consideráveis investimentos para concretizá-la. Atualmente, não existem previsões de linhas de crédito para os sistemas de comunicação investirem na transição para a TV 3.0. Assim, o Ministério planeja iniciar discussões internas com bancos de fomento do governo, como o BNDES, e bancos regionais, a fim de abordar essa questão.
O Ministério das Comunicações, sob a supervisão do secretário Wilson Diniz Wellisch, está em discussões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre a implementação da TV 3.0 no Brasil.
Atualmente, o país possui um grande número de geradoras e retransmissoras de TV digital, além de emissoras analógicas que ainda estão em operação.
A escolha entre as tecnologias japonesa e norte-americana para a TV 3.0 será feita pelo presidente Lula. O processo é coordenado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), que envolve representantes do governo, empresas de radiodifusão, transmissão e fabricantes de TVs e receptores.
As discussões sobre a TV 3.0 começaram durante o governo de Jair Bolsonaro em 2021. Além das opções japonesa e norte-americana, existe a possibilidade de a tecnologia europeia 5G Broadcast ser reconsiderada se for atualizada a tempo após ter sido desclassificada na fase 3 de testes.