22/06/2024

Apenas 11% das escolas com mais alunos possuem internet adequada

Pesquisa aponta que a média nacional de velocidade de download por estudante no maior turno está abaixo de 1 Mbps.

De acordo com o estudo Panorama da qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras, lançado pelo NIC.br nesta quinta-feira (23), entre 32.379 escolas com mais de 50 estudantes no turno mais cheio, apenas 11% (3.640) cumprem a meta estipulada pela Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC), do Governo Federal, que é ter conexão de internet com velocidade de download igual ou superior a 1 Mbps por aluno.

Crédito: Freepik

A pesquisa aponta que a média nacional de velocidade de download por estudante no maior turno está abaixo de 1 Mbps (sendo de 0,26 Mbps) em 2023. Embora esteja abaixo do recomendado, o estudo apontou um avanço em relação ao registrado em 2022 (0,19 Mbps).

“Uma conexão abaixo desse parâmetro inviabiliza a realização de atividades que demandem maior banda e menor latência, como streaming de vídeo, por exemplo. Essa limitação pode dificultar a introdução de novas práticas educacionais envolvendo recursos tecnológicos em instituições de Ensino Fundamental e Médio com mais de 50 estudantes no turno de pico”, aponta o estudo.

Os dados foram apresentados durante o 14º Fórum da Internet no Brasil (FIB) e são baseados em unidades de ensino atualmente monitoradas pelo Medidor Educação Conectada

Ainda de acordo com o levantamento, das 137.208 escolas estaduais e municipais do Brasil, 89% (121.416) estão conectadas à rede, sendo que 62% (85.039) declaram ter Internet para o processo de ensino e aprendizagem e somente 29% (40.029) contam com computadores, notebooks ou tablets para acesso às redes pelos alunos. Aquelas que possuem algum equipamento têm, em média, 1 dispositivo para cada 10 estudantes no maior turno escolar.

Na prática, apenas 119 escolas públicas no Brasil declaram ter ao menos um equipamento por aluno matriculado – ou seja, 0,09% das unidades de ensino. “As TICs têm se tornado cada vez mais relevantes nas atividades em sala de aula, o que, a reboque, reforça a necessidade de uma conexão à rede apropriada e capaz de atender a todos os estudantes“, enfatiza Paulo Kuester Neto, supervisor de projetos do NIC.br.

A pesquisa ainda aponta as desigualdades existentes dentro das regiões do país. O Norte e o Nordeste apresentam menor cobertura e qualidade de conexão, mas algumas de suas áreas, especialmente as capitais ou grandes regiões metropolitanas, têm condições similares às vistas em outras regiões do País.

Já as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste demonstram uma maior cobertura de acesso à internet, atingindo quase todas as escolas conectadas desde 2022. No entanto, não necessariamente para fins pedagógicos.

Estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás são os mais bem colocados nesse quesito, com velocidade em torno de 0,5 Mbps por aluno. Na outra ponta estão Amazonas, Acre e Amapá, com cerca de 0,1 Mbps por estudante.

“Embora esses estados do Norte tenham uma qualidade de Internet muito baixa para uso em atividades de ensino, vale ressaltar que eles foram os que apresentaram os maiores avanços em relação a 2022”, destaca Cristiane Honora Millan, uma das autoras do estudo.

Para Paulo Kuester Neto, se as tecnologias educacionais não forem encaradas como um direito, elas têm o potencial de ampliar desigualdades, ao invés de ajudar a reduzi-las. “A análise que fizemos apontou discrepâncias de condições de acesso a recursos digitais pedagógicos em diferentes cenários. O desafio de ampliar o uso de tecnologia em sala de aula não se restringe a garantir conexão, mas em oferecer Internet de qualidade e dispositivos suficientes aos estudantes”, finaliza.

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