As fortes chuvas no Rio Grande do Sul desde o início de maio causaram problemas na internet em muitas áreas. Cerca de 6 mil quilômetros de cabos de fibra ótica foram danificados, afetando 149 municípios, o que representa 30% das cidades gaúchas. O setor está buscando apoio em Brasília para conseguir créditos de R$ 1,2 bilhão com condições vantajosas para reparar os danos.
A proposta visa normalizar a situação das pequenas prestadoras de serviços de internet no Rio Grande do Sul, que representam 53% do mercado local. O presidente da Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet (InternetSul), Fábio Brada, busca sensibilizar o governo federal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para utilizar os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que acumula cerca de R$ 50 bilhões.
A ideia é direcionar parte desses recursos para reconstruir a infraestrutura e o capital de giro das empresas gaúchas. Brada defende a criação de um mecanismo não-reembolsável para acesso emergencial aos fundos do Fust. Ele esteve em Brasília para discutir essa questão com autoridades e a bancada gaúcha.
A necessidade de melhorar as condições de pagamento de financiamentos é urgente. Há um pedido por linhas de crédito com um período de carência de 36 meses e um prazo de quitação de sete anos. Essas linhas de crédito devem ser disponibilizadas não apenas pelo BNDES, mas também por bancos e cooperativas. Há uma luta para que um fundo de ajuda não seja reembolsável, pois as empresas afetadas estão enfrentando dificuldades e precisam de apoio para manter empregos e compromissos essenciais.
Na semana passada, 612 mil conexões de banda larga fixa foram afetadas no Rio Grande do Sul, principalmente por pequenos e médios provedores, que representam 92% das conexões. Esses provedores ajudam a diversificar o mercado, mantendo preços competitivos devido à concorrência. Em muitas áreas do estado, eles são a única opção de banda larga fixa.
Por exemplo, segundo o diretor de Relações Institucionais da InternetSul Fabiano André Vergani, uma provedora em Canoas, com 2,5 mil clientes em um bairro afetado, não consegue restabelecer o serviço após a tragédia, levando empresas maiores a assumir contratos. Isso prejudica os pequenos provedores, que têm funcionários e equipamentos afetados pela situação, enfrentando desafios para manter a operação e os empregos.
Vergani ainda complementa que demora na resolução dos problemas enfrentados pelos provedores de internet do interior gaúcho está afetando negativamente o mercado, dificultando a formação de preços acessíveis para os consumidores. A presença de várias empresas de menor porte é essencial para manter a oferta diversificada, mas a demora em se recuperarem coloca empregos em risco e ameaça sua sobrevivência.
“Hoje, o Brasil consegue oferecer serviço de banda larga fixa acessível porque existem muitas empresas de menor porte que impendem a concentração da oferta nas grandes. Mas, a demora para que consigam se restabelecer coloca empregos em risco e dificulta que mantenham a sua base de clientes e sobrevivam no mercado.”
Provedores de internet do Interior gaúcho priorizam auxiliar empresas locais durante alagamentos recentes. Em Candelária, apenas um dos quatro provedores manteve operações, fornecendo conexão através de sua rede de fibra ótica após danos em outras rotas.
Essa solução improvisada beneficiou tanto clientes quanto não clientes, restabelecendo comunicação em residências afetadas. Além disso, a mesma rede também ajudou empresas de outras cidades da região, percorrendo estradas rurais para oferecer suporte.