16/08/2024

Brasil tem queda no número das assinaturas de streamings

Apesar da tendência de substituição da TV pelo streaming nos últimos anos, novos dados do IBGE mostram uma leve queda no percentual de lares brasileiros com acesso a plataformas de filmes e séries.

Em 2023, 42,1% dos domicílios tinham streaming pago, comparado a 43,5% em 2022. Em termos absolutos, 31,1 milhões de lares possuíam esse tipo de serviço, número próximo ao registrado no ano anterior.

A pesquisa do IBGE não explora as razões que podem estar por trás da redução no acesso a serviços de streaming. No entanto, vale destacar que, nos últimos meses, várias plataformas de streaming têm intensificado suas medidas para combater o compartilhamento de senhas entre pessoas que não residem no mesmo endereço.

Isso pode ter influenciado a diminuição no número de acessos, já que muitas pessoas que antes compartilhavam contas podem ter perdido acesso ao serviço ou optado por cancelar a assinatura.

Leandro Quesada, analista de pesquisa, acredita que seja plausível que alguns lares tenham interrompido o uso de serviços de streaming devido ao aumento dos preços e às novas restrições estabelecidas por essas empresas. Esse cenário pode ter levado a uma redução no número de assinantes em alguns casos.

No entanto, é importante considerar que, ao mesmo tempo, pode ter havido a entrada de novos assinantes durante o mesmo período. A combinação desses fatores — a perda de assinantes antigos e a aquisição de novos — ajuda a explicar por que o número total de assinantes permaneceu semelhante entre 2022 e 2023, apesar das mudanças nas políticas e nos preços dos serviços de streaming.

Ele observa que os dados ainda são recentes, não permitindo determinar se é uma tendência de queda ou um evento isolado, exigindo monitoramento futuro.

“Temos identificado que os serviços de streaming estão aumentando seus preços e limitando o acesso compartilhado em mais de um domicílio, mas destaco alguns pontos: um domicílio pode ter mais de uma assinatura e optar por reduzir a quantidade de serviços. Além disso, a restrição de compartilhamento de telas afeta mais as televisões do que os celulares e nem todos os serviços implementaram essa restrição.”

No ano passado, o rendimento médio mensal real per capita foi de R$ 2.731 em lares com serviço de streaming, mais que o dobro dos R$ 1.245 daqueles sem o serviço.

O streaming é mais comum na região Sul (49% dos lares com TV), seguida pelo Centro-Oeste (48,2%) e Sudeste (47,6%). Norte (37,5%) e Nordeste (28,2%) têm os menores percentuais.

O IBGE relatou também uma queda geral nas taxas de acesso ao streaming, com a maior redução ocorrendo no Nordeste (-5% ou 280 mil domicílios) e o maior aumento no Sudeste (+1,9% ou 283 mil domicílios).

Já a TV por assinatura está diminuindo nas casas brasileiras. Em 2023, 25,2% dos domicílios com TV (18,6 milhões) tinham acesso a canais pagos, uma queda em relação aos 27,7% de 2022 e 33,7% em 2016.

Os principais motivos para não contratar o serviço foram falta de interesse (54%) e custo elevado (34%), totalizando 88,9%. Apenas 9,5% dos entrevistados disseram que substituem a TV por assinatura por vídeos online e streaming.

O Sudeste lidera em percentual de lares com TV a cabo (32,4%), enquanto o Nordeste tem o menor (14,2%). Entre 2022 e 2023, todas as regiões registraram queda na TV por assinatura. Apesar dessa tendência, 39,5% dos lares com streaming de vídeo também mantêm TV a cabo. A renda pode influenciar essa escolha, com a renda média per capita dos domicílios que combinam ambos os serviços sendo de R$ 3.603.

A pesquisa também mostra um aumento no número de lares que usam apenas plataformas de streaming e não têm TV convencional. Segundo o IBGE, 6,1% dos usuários de streaming não tinham TV aberta ou a cabo em 2023, frente a 4,7% em 2022.

Desde 2016, quando o IBGE começou a monitorar esse dado, a presença de TVs em casa tem diminuído. Embora o instituto não investigue os motivos, os pesquisadores sugerem que o interesse decrescente possa ser um fator. Além disso, alguns acreditam que o uso de dispositivos móveis para assistir TV possa influenciar essa tendência.

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