A Globo admitiu que cometeu erros na alocação de investimentos nos últimos anos, resultando em prejuízos. Durante a pandemia, a empresa investiu mais no Globoplay do que em seus canais lineares pagos e na TV Globo. O presidente da Globo, Paulo Marinho, reconheceu o erro durante o PayTV Fórum, evento voltado à TV por assinatura e streaming.
Paulo Marinho afirmou que em 2020, ao oferecer o conteúdo de canais lineares pagos pelo Globoplay, a Globo pode ter exagerado nos investimentos em volume e custo de conteúdo, resultando em um retorno abaixo do esperado em termos de crescimento de base e perda de receitas das operadoras de TV paga.
“A gente acha que errou um pouco a mão no nível de investimentos, talvez investindo demais em volume, e até custo de conteúdo, versus o retorno que a gente estava conseguindo obter de crescimento de base naquele momento.”
O executivo ainda afirmou que atualmente há um reequilíbrio de investimentos, tanto na própria emissora como na indústria de uma maneira geral:
“[Hoje] Há um reequilíbrio de forças, de investimentos. Principalmente no início da pandemia, tinha ali uma rápida bolha dos streamings, investimentos muito fortes, todo mundo caminhando com as suas ofertas proprietárias, e começou todo mundo a perder dinheiro. [Agora] Teve um reequilíbrio, mais cuidado na alocação dos investimentos, tanto da Globo como na indústria como um todo, e você vê grandes empresas, as majors associadas aos grandes estúdios americanos, fazendo o mesmo movimento.”
Marinho destacou que a Globo mantém investimentos robustos de mais de R$ 5 bilhões anuais em conteúdo e tecnologia, agora bem distribuídos entre plataformas. Ele não se arrepende da digitalização e do foco em streaming durante a grande transformação da empresa, a “Uma Só Globo”.
O executivo acredita que, apesar de a indústria ter demorado para se adaptar, a Globo agora está no caminho certo, acelerando com novos modelos e parcerias. As receitas publicitárias ainda são predominantes, mas as assinaturas representam cerca de 40% do faturamento no primeiro trimestre deste ano, com o Globoplay crescendo de forma consistente e compensando perdas dos canais lineares.
Marinho sugeriu que o Globoplay ainda está no vermelho, embora a previsão inicial fosse alcançar lucro até 2026. No entanto, com os cortes implementados desde o início do ano, a empresa pode atingir a rentabilidade antes do previsto. Ele destacou que, enquanto o Globoplay está no caminho certo, algumas áreas ainda precisam se tornar lucrativas.
“A gente está chegando nesse momento muito sustentável, mas, quando a gente olha individualmente, alguns produtos, alguns modelos de distribuição, a gente ainda precisa alcançar a rentabilidade. No conjunto da obra, estamos bem posicionados e apontando para um caminho sólido e positivo, e individualmente uma frente ou outra a gente ainda precisa fazer essa virada e gerar rentabilidade.”
Por fim, o representante da emissora afirmou que a Globo está investindo mais em seus canais lineares devido à forte audiência e ao modelo tradicional de TV por assinatura ainda ter 11 milhões de assinantes. A Globo está ajustando sua distribuição para incluir pacotes de TV e streaming e investindo em dados para entender melhor o público brasileiro. A empresa continuará focada no mercado nacional e aberta a parcerias internacionais para co-produções.