A Americanas, uma das maiores varejistas do Brasil, anunciou o encerramento das operações de sua fintech, Ame Digital, como parte de uma série de medidas para enfrentar os desafios decorrentes de sua recuperação judicial. A empresa, que já foi um dos maiores nomes no mercado varejista, está agora focada em reestruturar suas operações e vender ativos não essenciais, entre eles, a Ame Digital.
A fintech, que antes atuava como uma plataforma autônoma oferecendo serviços financeiros como conta de pagamento, credenciamento e participação indireta no Pix, deixará de oferecer essas funcionalidades. A decisão vem após um escândalo contábil de R$ 25 bilhões que abalou a Americanas no início de 2023, forçando a empresa a reavaliar e reduzir seus investimentos em áreas consideradas não estratégicas.
Para conduzir a venda da Ame Digital, a Americanas contratou a consultoria Centria Capital Partners, especializada em processos de market sounding. O objetivo é encontrar um comprador interessado no CNPJ da fintech, assim como na licença de instituição de pagamento e outros ativos relacionados. Este movimento faz parte de uma estratégia mais ampla da Americanas para levantar capital e concentrar seus recursos em áreas mais centrais ao seu negócio principal.
Além da venda da Ame Digital, parte da equipe da fintech será transferida para outras áreas dentro da Americanas, com foco em um novo programa de fidelidade e na oferta de produtos e serviços financeiros em parceria com outras instituições e seguradoras. A decisão de descontinuar os serviços da Ame Digital reflete a necessidade da Americanas de otimizar seus recursos e se concentrar em sua sobrevivência e recuperação no mercado.
Os clientes da Ame Digital foram orientados a transferir seus saldos para outras instituições financeiras ou utilizá-los em compras à vista nas lojas físicas da Americanas até o próximo dia 2 de novembro de 2024. Esse prazo foi estabelecido para garantir que os clientes possam migrar suas contas de forma organizada e segura.
O processo de alienação da Ame Digital não é o único movimento em curso na Americanas. A varejista também está avaliando a venda de outros ativos menores, como as marcas Shoptime e Submarino, que não são mais estratégicas para a empresa. Esses esforços fazem parte de uma tentativa mais ampla de minimizar perdas e concentrar esforços na revitalização de seu núcleo de negócios.
Essa reestruturação reflete o momento desafiador pelo qual a Americanas passa, com um prejuízo acumulado de R$ 2,3 bilhões em 2023. Embora a decisão de encerrar as operações da Ame Digital seja uma parte dolorosa desse processo, ela é vista como necessária para que a Americanas possa estabilizar suas finanças e buscar novas oportunidades no futuro.