18/12/2024

Aparelhos de telecom são usados para ferir: 37 mortes registradas

Explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah no Líbano também deixou mais de 3.000 feridos, com Israel sendo acusado pelos ataques.

Nesta semana, o Líbano foi palco de uma série de explosões que resultaram em dezenas de mortos e milhares de feridos. As explosões afetaram dispositivos de comunicação usados por membros do Hezbollah, grupo armado que atua politicamente e militarmente no país.

Aparelhos de telecomunicação explodem no Líbano. Reprodução/Telegram

O Ministério da Saúde do Líbano confirmou a morte de 32 pessoas e mais de 3.200 feridos, desencadeando temores de uma escalada no conflito entre o grupo libanês e Israel. O Hezbollah responsabilizou Israel pelas explosões, afirmando que se tratam de ataques cibernéticos orquestrados contra seus meios de comunicação.

Entre os dispositivos atingidos estão pagers, usados como alternativa a celulares, e walkie-talkies, ambos preferidos pelo grupo para evitar a interceptação de suas comunicações por Israel. As explosões, aparentemente coordenadas, ocorreram em várias regiões dominadas pelo Hezbollah, incluindo o sul de Beirute e o Vale do Beca, áreas que são redutos do grupo.

Primeira onda de explosões: pagers sob ataque

Momento em que pagers explodem em um mercado de Beirute, no Líbano. Reprodução/Reuters.

O primeiro incidente ocorreu na terça-feira (17), quando centenas de pagers usados por membros do Hezbollah explodiram quase simultaneamente em várias partes do Líbano. De acordo com as autoridades locais, 12 pessoas morreram e mais de 2.800 ficaram feridas, muitos deles com lesões graves.

Entre as vítimas fatais estava uma menina de 10 anos, filha de um integrante do grupo, que foi morta pela explosão do dispositivo de seu pai. O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, também ficou ferido durante uma dessas explosões.

Segundo a televisão iraniana, o diplomata não corre risco de vida. A mídia estatal iraniana relatou que o incidente foi um ataque cibernético executado por Israel, utilizando uma tecnologia avançada para hackear os dispositivos e detonar os explosivos remotamente.

Segunda onda: explosões de walkie-talkies e mais mortes

Menos de 24 horas após o primeiro ataque, o país foi novamente atingido por uma série de explosões, desta vez envolvendo walkie-talkies usados pelos membros do Hezbollah. Na quarta-feira, as explosões deixaram mais 20 mortos e centenas de feridos, com cenas de caos em várias cidades, incluindo Beirute e Sidon.

Testemunhas relataram incêndios em veículos e apartamentos após as explosões, o que agravou ainda mais a situação. A Cruz Vermelha Libanesa declarou “alerta máximo” para lidar com o grande número de vítimas.

O governo libanês, por sua vez, pediu que todos os cidadãos que possuam dispositivos de comunicação semelhantes descartem os aparelhos imediatamente, na tentativa de evitar mais tragédias.

Walkie talkers danificados no chão após serem detonados por explosivos embutidos. Foto: Reprodução/Telegram.

Investigação inicial: um ataque coordenado

As investigações preliminares apontam que os dispositivos de comunicação usados pelo Hezbollah haviam sido alterados antes de chegarem ao Líbano. Autoridades libanesas afirmam que explosivos foram implantados nos dispositivos durante o processo de fabricação ou importação.

A mídia internacional, incluindo o jornal The New York Times, divulgou que os pagers foram encomendados de uma empresa de Taiwan, mas foram manipulados por Israel antes de serem entregues ao Hezbollah. O sistema de detonação funcionou através de mensagens enviadas diretamente aos dispositivos, que aparentemente vinham de fontes de confiança dentro do grupo.

Quando os usuários manusearam os aparelhos, os explosivos foram ativados. A magnitude e a sofisticação do ataque sugerem que os explosivos estavam bem ocultos, possivelmente próximos às baterias dos pagers e walkie-talkies.

Reações e possíveis consequências

O Hezbollah, que já enfrenta confrontos quase diários com Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, prometeu vingança pelas explosões. O grupo anunciou que considera os ataques uma “declaração de guerra” por parte de Israel e prometeu uma resposta proporcional.

O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, deve fazer um pronunciamento oficial sobre o caso nos próximos dias. O governo libanês, por sua vez, condenou as explosões como uma violação grave da soberania do país e solicitou uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU.

A resposta internacional também está se intensificando. A ONU e várias organizações de direitos humanos expressaram preocupação com a escalada da violência na região, pedindo moderação de ambas as partes para evitar uma guerra de maiores proporções.

Fator Israel e a dinâmica regional

Até o momento, o governo israelense não fez qualquer declaração oficial sobre o caso, mas fontes de inteligência confirmaram ao The New York Times que o Mossad, serviço secreto de Israel, esteve envolvido no ataque. Segundo essas fontes, a operação foi planejada durante meses, utilizando empresas de fachada para fornecer dispositivos sabotados ao Hezbollah.

A tensão entre Hezbollah e Israel já vinha crescendo nos últimos meses, especialmente após o Hezbollah intensificar ataques contra o norte de Israel em solidariedade ao Hamas. O assassinato de Fuad Shukr, um dos principais comandantes do Hezbollah, em um ataque israelense em julho de 2024, acirrou ainda mais os ânimos, com o grupo jurando vingança.

Especialistas em relações internacionais alertam que esse episódio pode provocar uma escalada significativa no conflito, transformando-o em um confronto direto entre Israel e Hezbollah, o que poderia ter consequências devastadoras para o Líbano e toda a região do Oriente Médio.

Enquanto o Hezbollah promete retaliar, Israel reforçou suas tropas na fronteira com o Líbano, em preparação para possíveis ataques. O mundo assiste com apreensão, temendo que o conflito atinja níveis ainda mais alarmantes, com um potencial envolvimento de outros atores regionais, como o Irã, e um agravamento da já frágil estabilidade no Oriente Médio.

* Sugestão de vídeo relacionado ao assunto:

FonteG1
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