A Oi S.A., gigante brasileira em telecomunicações, apresentou seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024 (3T24), mostrando avanços significativos em sua reestruturação. No centro da estratégia estão a otimização de custos e o fortalecimento da Oi Fibra, que hoje representa o principal motor de receita da companhia.
Em meio a uma profunda reformulação, a empresa continua sua transição rumo a um modelo de negócios focado em serviços de alta rentabilidade, reduzindo dependência de operações legadas que impactam negativamente o caixa e a margem de lucro.
Receita e Desempenho do Core
A “Nova Oi” reportou uma receita líquida de R$ 2,1 bilhões no 3T24, com a fibra ótica se destacando como carro-chefe. A Oi Fibra apresentou crescimento de 2,8% em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 1,1 bilhão. Esse avanço evidencia o sucesso de iniciativas focadas em rentabilizar a base de clientes, como a retenção de usuários de alto valor agregado e a redução da inadimplência.
A estratégia de crescimento da Oi Fibra inclui, entre outras ações, o uso intensivo de canais digitais. Esses canais já representam mais de 30% das vendas, marcando um aumento anual de 9 pontos percentuais. Para maximizar a lucratividade, a empresa também reduziu o “churn” involuntário — quando o cliente é removido por inadimplência — e investiu em um atendimento mais eficiente.
Por outro lado, a Oi Soluções, voltada ao mercado corporativo, enfrentou queda na receita de 26,6% anual e de 6,2% em relação ao segundo trimestre. A redução reflete a priorização de margens saudáveis em detrimento de um crescimento de volume, uma estratégia que visa proteger a sustentabilidade financeira e adaptar a empresa ao novo modelo de negócios.
Redução de Custos: Foco no Capex e Opex
Outro ponto alto da apresentação de resultados foi a redução drástica nos custos. O total de despesas operacionais (Opex) e de investimentos (Capex) da Oi, excluindo despesas com aluguel e seguros, teve uma queda de 20,4% em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior. A empresa conseguiu esse feito através de uma série de medidas de eficiência operacional, especialmente nas áreas de manutenção de rede, serviços de terceiros e pessoal.
A redução mais impressionante ocorreu no Capex, que caiu 45,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse movimento se deu graças a uma alocação mais seletiva de recursos e à priorização de investimentos que oferecem maior margem de retorno. No total, os investimentos somaram R$ 109 milhões no 3T24, com 91% desse montante direcionado para operações core, como a expansão da Oi Fibra.
Endividamento e Estruturação do Capital
Um dos maiores desafios da Oi tem sido a sua elevada dívida, algo que vem sendo endereçado com sucesso no contexto de seu plano de recuperação judicial.
No terceiro trimestre, a dívida bruta a valor justo da companhia reduziu-se para R$ 10,3 bilhões, o que representa uma queda de 59,2% em relação ao ano anterior. Isso se deve principalmente à reestruturação e ao pagamento de parte da dívida com os recursos captados no novo financiamento, que somou R$ 903 milhões em debêntures privadas.
Além disso, a empresa obteve um importante reforço de liquidez com a conversão de notas de empréstimo detidas por credores em um novo financiamento.
Em termos de caixa, a posição final da Oi no trimestre foi de R$ 1,3 bilhão, uma redução de 30% em relação ao trimestre anterior. Parte desse montante foi direcionada ao pagamento de credores e fornecedores, conforme estipulado no plano de recuperação judicial. Essa gestão cuidadosa do caixa permitiu à Oi manter as operações, mesmo com o impacto da redução de receita em serviços legados.
Desafios e Perspectivas
Apesar dos avanços, a Oi ainda enfrenta desafios significativos. O segmento de operações não-core, que engloba serviços tradicionais como o de TV por satélite (DTH) e tecnologias de cobre, continua a apresentar declínios substanciais de receita, registrando uma queda de 28,5% anual. Esse cenário é resultado da diminuição da base de clientes e da menor demanda por esses serviços, que enfrentam forte concorrência de tecnologias mais avançadas e menos custosas.
Outro fator que impacta os números da companhia é a migração para o regime de autorização, que, embora traga uma perspectiva de redução de custos a longo prazo, depende da conclusão de trâmites regulatórios ainda em andamento. A conclusão dessa transição poderá proporcionar à Oi maior flexibilidade em suas operações e mais capacidade de adaptação às mudanças de mercado.
Para os próximos trimestres, a Oi projeta continuar avançando em sua transformação estrutural. A empresa espera finalizar a venda da UPI ClientCo para a V.tal, o que trará uma injeção de liquidez relevante para o seu caixa. Essa transação, avaliada em R$ 5,7 bilhões, é parte da estratégia da companhia de focar nas operações de fibra, seu principal ativo e fonte de crescimento.
A Oi planeja, ainda, acelerar a venda de imóveis e outros ativos não-core para reforçar o caixa, ao mesmo tempo em que investe em inovações tecnológicas e melhorias de qualidade para os clientes de fibra. Esse movimento pode não só fortalecer o balanço da companhia, mas também consolidá-la como líder em conectividade de alta velocidade no mercado brasileiro.