A Oi está vivendo um momento de virada. Na segunda-feira (25), a empresa finalmente assinou o Termo Único de Autorização com a Anatel. Essa decisão encerrou o contrato de concessão do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC). Na prática, a companhia migrou do regime público para o privado, trazendo mais flexibilidade e reduzindo custos.
Com essa mudança, a Oi ganha autonomia para focar em áreas mais estratégicas. Uma delas é a venda de imóveis, processo que deve acelerar nos próximos anos. Atualmente, a empresa possui mais de 7 mil imóveis em seu portfólio, distribuídos pelo Brasil.
Mais liberdade, menos burocracia
Nos últimos três anos, a Oi vendeu cerca de 80 imóveis, incluindo prédios icônicos como a antiga sede no Leblon, no Rio de Janeiro. Mesmo assim, a burocracia dificultava negociações maiores. Agora, com o novo regime, a empresa espera vender aproximadamente 500 ativos já em 2025. Essa movimentação é crucial para reforçar o caixa e sustentar o plano de recuperação judicial.
Segundo Daniel Hermeto, vice-presidente da Oi, as regras anteriores afastavam investidores. “A reversibilidade dos imóveis era um entrave. Com o novo modelo, conseguimos atrair mais interessados e tornar as vendas mais ágeis”, explica.
Acordo traz desafios e oportunidades
Embora a mudança traga vantagens, também exige compromissos. A Oi terá que manter serviços em locais remotos até 2028, garantindo que milhões de brasileiros tenham acesso à comunicação. Esse ponto é estratégico, especialmente para regiões Norte e Nordeste, que ainda dependem da infraestrutura da empresa.
Além disso, o acordo firmado inclui quase R$ 5 bilhões em investimentos. Projetos prioritários incluem a expansão da fibra ótica em escolas e melhorias na conectividade em áreas isoladas. Outra aposta é o lançamento de cabos submarinos para conectar o Norte e o Sul do Brasil.
Uma história de altos e baixos
Desde a privatização do setor, a Oi assumiu obrigações pesadas. Na época, a telefonia fixa era um serviço essencial e lucrativo. Mas com o avanço da tecnologia, o cenário mudou. A telefonia fixa foi perdendo relevância, enquanto a manutenção da infraestrutura se tornou um peso econômico.
Nos últimos anos, a companhia enfrentou dificuldades financeiras graves, entrando em recuperação judicial em 2016. Agora, com a migração para o regime privado, a Oi busca deixar esse passado turbulento para trás. “Estamos prontos para construir um novo futuro, com foco em inovação e sustentabilidade”, afirmou Mateus Bandeira, CEO da empresa.
Impacto no mercado e nas ações
A notícia animou o mercado financeiro. Nesta terça-feira (26), as ações da Oi (OIBR3) estão disparando na Bolsa de Valores. Elas chegaram a registrar alta de até 19%, mas no momento da publicação desta reportagem (16h25), os ganhos eram de 10,83%. Os investidores estão confiantes de que a mudança trará ganhos reais para a empresa.
Apesar do otimismo, especialistas alertam para os desafios. A migração para o regime privado é só o começo de uma longa jornada. A Oi ainda precisa equilibrar suas finanças, expandir sua atuação em mercados digitais e lidar com a concorrência acirrada.
Futuro promissor para a Oi?
A Oi está longe de recuperar o protagonismo que tinha no passado. Mas, com a nova regra, ganha uma chance de se reinventar. O foco agora está em diversificar receitas, melhorar a eficiência operacional e investir em tecnologias de ponta.
Se a estratégia for bem executada, a empresa pode se tornar uma referência na oferta de soluções digitais. Isso inclui desde a expansão de redes de fibra ótica até a exploração de novas tecnologias, como a Internet das Coisas.
Olhando para o futuro, uma coisa é certa: a Oi tem um caminho desafiador, mas promissor, pela frente. Com a nova etapa, a empresa aposta em deixar a recuperação judicial para trás e entrar de vez na era digital.