
A Telefônica Brasil S.A. (controladora da Vivo – VIVT3) divulgou nesta terça-feira (25) os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), apresentando desempenho operacional e financeiro robusto. A empresa atingiu a maior base de clientes de sua história, com 116,1 milhões de acessos totais, um crescimento de 2,7% em relação ao 4T23.
Esse avanço na base de usuários foi impulsionado principalmente pelo segmento móvel, que chegou a 102,3 milhões de acessos móveis (+3,3% ano contra ano). A expansão acelerada da tecnologia 5G também foi destaque: a Vivo encerrou 2024 com cobertura 5G em 504 municípios, quase três vezes mais cidades do que no ano anterior.
No segmento de telefonia móvel, o pós-pago manteve forte impulso, com migração de clientes do pré-pago e aquisição de novos assinantes. Excluindo conexões máquina-a-máquina (M2M) e modems, a companhia adicionou +3,4 milhões de clientes pós-pagos em doze meses, totalizando 47,5 milhões de acessos nessa categoria – dos quais 33,8% já utilizam tecnologia 5G.
Essa expansão da base de alto valor, aliada a reajustes tarifários, elevou o ARPU (receita média por usuário) do pós-pago para R$ 52,1, um aumento de 1,6% sobre o ano anterior.
Além disso, a taxa de churn (cancelamentos) permaneceu em nível historicamente baixo (0,99%), refletindo a fidelização dos clientes diante das ofertas da operadora. A popularização do 5G também se refletiu na venda de aparelhos: 92% dos smartphones vendidos no 4T24 eram compatíveis com 5G, indicando ampla adoção da nova tecnologia pelos consumidores.
Crescimento em receita e EBITDA
O forte aumento da base de clientes e do tráfego de dados contribuiu para um crescimento significativo da receita no trimestre. A receita líquida da Telefônica/Vivo atingiu R$ 14,6 bilhões no 4T24, um crescimento de +7,7% em relação ao mesmo período de 2023. Esse resultado foi impulsionado pelo desempenho do móvel pós-pago, cuja receita avançou 9,1% na comparação anual, e pela recuperação do segmento fixo.
A receita de serviços fixos aumentou +8,0% a/a, com destaque para o crescimento de duplo dígito na fibra (FTTH), que registrou +12,4%, e para as receitas corporativas de dados, TI e serviços digitais, com expressivos +21,1%.
Esses números evidenciam tanto a expansão da conectividade de alta velocidade nas residências quanto a crescente demanda por soluções tecnológicas no mercado empresarial.
A empresa também reportou melhoria na rentabilidade. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou aproximadamente R$ 6,2 bilhões no trimestre, uma alta de +7,8% sobre o 4T23.
A margem EBITDA manteve-se em 42,5%, estável em relação ao ano anterior, indicando controle de custos mesmo com a expansão das operações. Excluindo efeitos de arrendamento (EBITDA-AL), o crescimento foi de +8,3%, com margem de 33,1%.
Esse robusto desempenho operacional, combinado a investimentos disciplinados, resultou em forte geração de caixa. No acumulado de 2024, o fluxo de caixa operacional alcançou R$ 13,7 bilhões, crescendo 11,0% e representando 24,6% da receita anual – recurso fundamental para sustentar os investimentos em tecnologia e expansão de rede.
Lucro líquido em alta e retorno ao acionista
A lucratividade da Telefônica Brasil acompanhou o bom momento operacional. O lucro líquido no 4T24 foi de R$ 1,763 bilhão, um salto de +10,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Com esse desempenho, o lucro acumulado de 2024 atingiu R$ 5,548 bilhões, crescimento de +10,3% sobre 2023.
A melhora do lucro reflete tanto o acréscimo de receita quanto a estabilidade de margens, e foi atingida mesmo após despesas com depreciação elevadas pelo forte ritmo de investimentos em 5G e fibra.
Os resultados permitiram à companhia aumentar a remuneração aos acionistas, reforçando a atratividade das ações da Vivo. Em 2024, a Telefônica Brasil distribuiu um total de R$ 5,845 bilhões em proventos aos acionistas (entre dividendos, juros sobre capital próprio e recompras), montante 22,1% superior ao do ano anterior. Esse valor equivale a 105,3% do lucro líquido do ano, superando o próprio resultado em uma política agressiva de remuneração.
A empresa alcançou assim o guidance prometido de distribuição, que incluiu juros sobre capital próprio de R$ 3,045 bilhões, redução de capital de R$ 1,5 bilhão destinada a pagamentos, e R$ 1,3 bilhão em recompra de ações.
Para 2025 e 2026, a Vivo já manifestou a intenção de manter o payout em 100% ou mais do lucro líquido de cada exercício, sinalizando confiança na geração de caixa futura e compromisso em continuar retornando valor aos investidores.
Fibra ótica e segmento B2B impulsionam desempenho
Os segmentos de fibra ótica (FTTH) e serviços corporativos (B2B) foram pontos altos do trimestre, contribuindo de forma decisiva para o crescimento da receita. A Vivo atingiu em 2024 a meta de expansão de rede de fibra, chegando a 29,1 milhões de domicílios passados com FTTH, um aumento de 11,2% em um ano. Essa infraestrutura robusta permitiu conectar 7 milhões de clientes de fibra até dezembro, crescimento de +12,7% na base de assinantes FTTH.
Apenas no 4T24 foram adicionados +220 mil novos acessos líquidos de fibra, o maior volume trimestral desde o 4T22 – indicando uma retomada na atração de clientes para banda larga de alta velocidade. Como resultado, a receita de FTTH apresentou expansão de 12,4% no trimestre, com ARPU de R$ 89 por cliente de fibra, bem acima da média dos serviços móveis.
O sucesso da estratégia convergente também ficou evidente: a oferta Vivo Total (combo de pós-pago móvel + fibra) quase dobrou de base em um ano, alcançando 2,4 milhões de assinantes (+84,9% a/a) e já representando mais de 34% da base de fibra da operadora. Essa busca por pacotes integrados fez com que 88% das novas vendas de fibra nas lojas próprias no trimestre fossem do produto convergente Vivo Total, impulsionando as receitas combinadas fixo-móvel em mais de 90% no ano.

No mercado B2B, a Vivo colheu os frutos de sua diversificação em serviços digitais para empresas. A receita de dados corporativos, TIC (tecnologia da informação e comunicação) e serviços digitais saltou +21,1% no 4T24, totalizando R$ 1,346 bilhão no período. Desse montante, R$ 922 milhões vieram de soluções digitais B2B sobre rede fixa, segmento que cresceu expressivos 38,4% ano a ano.
A operadora tem se posicionado como um hub de serviços digitais para empresas, indo além da conectividade tradicional. Em 2024, a Telefônica Brasil concluiu a aquisição da empresa cloudIPNET, especializada em soluções Google, cuja integração já acrescentou R$ 64 milhões em receitas no 4T24.
Também houve aceleração na oferta de serviços próprios como a plataforma Vivo Vita, ampliando o portfólio digital corporativo. Esse desempenho reforça a estratégia da companhia de apostar em novos negócios B2B de maior valor agregado, complementando a receita de telecom tradicional e aumentando a fidelidade de clientes empresariais.
Impacto para acionistas e mercado de telecomunicações
Os sólidos resultados do 4T24 da Telefônica Brasil trazem reflexos positivos tanto para os acionistas quanto para o mercado de telecomunicações no país. Para os investidores, a combinação de crescimento de lucro e elevada distribuição de proventos é um sinal claro de criação de valor. O aumento de mais de 10% no lucro anual, aliado a uma política de pagamento que excede 100% do resultado, indica que a companhia está convertendo seu desempenho operacional em retorno tangível aos acionistas.
Essa estratégia de remuneração generosa – que incluiu dividendos, juros sobre capital próprio e recompras – tende a aumentar a confiança do mercado na empresa. As ações da Vivo podem se tornar mais atraentes para investidores em busca de yield, ao mesmo tempo em que a continuidade do forte fluxo de caixa sugere sustentabilidade para manter esses pagamentos no futuro. A sinalização de manter payout elevado até 2026 corrobora essa perspectiva, embora também imponha à administração o desafio de sustentar o crescimento dos lucros para suportar a distribuição significativa de capital.
Para o setor de telecomunicações brasileiro, os resultados da Telefônica servem de termômetro de mercado e podem influenciar as estratégias dos concorrentes. A expansão agressiva do 5G, alcançando centenas de cidades em pouco tempo, consolida a liderança tecnológica da Vivo e pressiona rivais a acelerarem seus investimentos em quinta geração para não ficarem para trás na cobertura e qualidade de serviço.
Da mesma forma, o avanço da fibra ótica a 444 municípios e o êxito na conversão de clientes para planos convergentes elevam o patamar de competição no segmento de banda larga fixa, incentivando outras operadoras a ampliarem suas redes de fibra e a inovarem em ofertas combinadas.
O crescimento expressivo no segmento B2B digital indica uma tendência setorial: as operadoras tradicionais estão diversificando portfólios para atender à demanda das empresas por soluções integradas de conectividade, cloud e TI. Esse movimento pode acirrar a concorrência com integradoras de tecnologia e provedores de serviços gerenciados, ao mesmo tempo em que expande o escopo de atuação das teles.
Em suma, o 4º trimestre de 2024 marcou um fechamento de ano muito positivo para a Telefônica Brasil, que entrou em 2025 com fundamentos sólidos. A combinação de crescimento de clientes, inovação em 5G e fibra e expansão de novos serviços posiciona a Vivo de forma competitiva para capturar oportunidades no mercado brasileiro. Os resultados reforçam a confiança dos acionistas e indicam que os investimentos em transformação digital e infraestrutura de última geração estão dando frutos – um sinal alentador para todo o setor de telecomunicações no Brasil.