
A GPX Telecom, empresa que atuava há nove anos em Caucaia, no Ceará, anunciou o fim das atividades nesta semana. O motivo? Um ataque criminoso que devastou toda a estrutura da empresa em apenas 20 minutos.
Segundo nota publicada nas redes sociais, a decisão foi tomada após “atos de vandalismo” que comprometeram o funcionamento da operação. E não foi um caso isolado. Desde fevereiro, outras operadoras também viraram alvo de uma facção criminosa.
“Tudo o que construímos foi destruído em questão de minutos”, desabafou a empresa.
A GPX atendia clientes nos bairros Parque Soledade, São Gerardo e Ponte Rio Ceará.
De acordo com investigações da Polícia Civil, os ataques fazem parte de uma estratégia do Comando Vermelho. A facção exige parte do dinheiro das operadoras em troca da permissão para oferecer internet nas regiões.
Caso a empresa se recuse, o castigo é imediato: infraestrutura destruída, ameaças e até incêndios. Funcionários e donos passaram a ser intimidados com frequência.
As mensagens interceptadas pela polícia confirmam a extorsão. “Ou vai fechar com nós, ou nós vai tirar tudo que é de internet aí na região [sic]”, diz um dos áudios enviados a uma empresa.
Em meio ao caos, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que já capturou 27 pessoas envolvidas. Além disso, apreendeu armas, celulares, veículos e munições em operações realizadas em diversas cidades.
Na quinta-feira (20), mais um suspeito foi preso. O homem de 39 anos seria o chefe de uma célula do grupo, atuando diretamente nos ataques em Fortaleza.
Ele foi encontrado em Eusébio, e já possuía passagens por crimes como tráfico, roubo e homicídio. A polícia também bloqueou bens e sequestrou um imóvel em construção na cidade de Icapuí.
A GPX não foi a única atingida. Provedoras como Brisanet, Xconnect Telecom e A4 Telecom também foram alvos. As ações aconteceram em Fortaleza, Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Horizonte.
Os criminosos cortaram cabos de fibra, incendiaram veículos e dispararam contra sedes das empresas. Em Caridade, por exemplo, 90% dos clientes ficaram sem sinal de internet após os ataques.
Mesmo com o reforço na segurança, o clima ainda é de tensão. Muitos empresários temem novos ataques ou represálias por não cederem à pressão dos criminosos.
O governador Elmano de Freitas prometeu intensificar as investigações. Um grupo especial foi montado para lidar com esse tipo de crime, que tem impacto direto na vida da população.
Apesar das prisões e operações, moradores seguem apreensivos. A internet, para muitos, é ferramenta de trabalho e estudo. Quando ela falha, tudo para.
A nota da GPX Telecom termina com um apelo por Justiça. “Esperamos por justiça diante dessa situação alarmante que afeta a todos nós”, declarou a empresa.
A crise escancarou uma nova fronteira do crime: a infraestrutura digital. Até então, facções disputavam territórios físicos. Agora, querem controlar o virtual.
O caso da GPX Telecom serve como alerta para o país inteiro. Sem segurança, nem mesmo a tecnologia sobrevive. E, nesse jogo, quem perde é a população.