LTE avançado é o futuro, mas não é nenhum foguete
Os padrões para transmissão de dados pelas redes 4G, aprovados recentemente pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), devem melhorar a experiência dos usuários, mesmo que eles não consigam acessar banda larga móvel com velocidade de 100 Mbps, proposta por tecnologia.
As redes 4G são baseadas em dois tipos de tecnologia sem fio: Long Term Evolution (LTE), que é uma evolução dos serviços 3G e WiMAx. Na última assembleia da UIT, realizada em Genebra, há duas semanas, foram aprovados dois padrões para serviços 4G. O primeiro é o LTE-Advanced, a nova geração do LTE e que deverá ser escolhido no longo prazo pela maioria das operadoras para melhorar a qualidade das redes 4G. O segundo é o WirelessMAN-Advanced, versão mais avançada de WiMax, que a UIT prevê que não será adotado largamente pelas prestadoras de serviços.
Tecnicamente, a UIT especficou esses dois padrões de rede como IMT-Advanced, ou oficialmente 4G. Quando o serviço 4G foi originalmente planejado para ser o sucessor da tecnologia 3G, que começou a ser implementada no início da década passada, a entidade, que regulamenta normas para os serviços de telecomunicações, enfatizou que as redes de próxima geração seriam capazes de trafegar dados a velocidade 100 Mbps.
Como a tecnologia WiMax se tornou mais lenta, alguns prestadores de serviços começaram a dizer que estavam adotando LTE com a migração para a HSPA +. A UIT publicou sua definição sobre ambos, uma vez que HSPA+ não é 4G, mas uma espécie e 3,5G.
Redes heterogêneas
A construção de redes heterogêneas é outra vantagem o novo padrão, segundo Jarich. Ele explica que a o LTE-Advanced inclui mecanismos para tornar as células macro convencionais e trabalhar melhor com as menores, que serão desenvolvidas para atender às áreas congestionadas e indoor.
Apesar de esses recursos aumentarem a velocidade dos serviços móveis para 100 Mbps, não está claro ainda se as teles vão conseguir entregar essas taxas. O analista Phil Marshall da Tolaga Research afirma que para elas alcançarem essa velocidade será necessário o uso de faixas 50MHz. Entretanto, ele cita o exemplo da Verizon Wireless dos Estados Unidos, que hoje utiliza apenas o espectro de10MHz para upstream e downstream.
Hoje, a maioria das redes LTE está ociosa em razão de haver poucos dispositivos 4G no mercado. O alto preço desses devices ainda é uma barreira para disseminação dos novos serviços. No entanto, Marshall afirma que prestadores de serviços podem querer em breve desfrutar das vantagens de desempenho do LTE-Advanced para ofercer melhor experiência aos seus assinantes e aumentar a base de clientes.
“Os fornecedores de serviços vão usar rapidamente os recursos de LTE-Advanced, que não causam grande impacto no seu espectro nem exigem novos requisitos de rede”, acredita Marshall.
O que é o LTE-Advanced
Os consumidores não devem esperar de imediato que que as primeiras redes LTE-Advanced, que devem entrar no ar ainda este ano, ofereçam velocidade de 100 Mbps. Na maioria dos casos, esses serviços não vão mesmo trazer um grande aumento da taxa de transmissão como aconteceu com o movimento de 3G para LTE. Mas o novo padrão tende a melhorar a experiência sem fio, de acordo com analistas da indústria.
A atualização para o LTE Advanced ajudará as operadoras basicamente a alargar as pistas da rodovia 4G, explica a analista Monica Paolini da consultoria Senza Fili. Ela avisa que os usuários não vão sentir de imediato que a navegação ficou mais veloz, mas que o aumento da largura de banda permitirá que eles acessem os serviços em alta velocidade no futuro. “A capacidade não pode ser um problema hoje, mas vai se tornar em breve”, alera a especialista.
O padrão LTE-Advanced é, na verdade, composto de vários componentes, sendo que os provedores de serviço podem usar alguns ou todos, explica o analista Peter Jarich da Current Analysis. Esses recursos agregam faixas de espectro separadamente, oferecendo uma melhor integração entre células pequenas e grandes. Permitem uso de quatro ou mais antenas em um device e dispositivos para revezamento de células.
Jarich espera que a maioria das prestadoras de serviço inicie com LTE-Advanced, combinando as frequências e adicionem mais antenas. Chamado de “transportador de agregação”, o novo padrão permite que a operadora construa espectro praticamente fora das frequências espalhadas ao redor de suas faixas.
O LTE já usa MIMO (multiple-in, Multiple-Out) sistemas de antena, mas apenas com duas por dispositivo. LTE-Advanced permitirá quatro ou mais antenas, aumentando potencialmente a velocidade e a confiabilidade dos serviços. No entanto, não está claro ainda quantas antenas poderão ser embutidas em um smartphone, diz Jarich.