A marca ZTE quer competir no mercado móvel com 5G, core de redes privativas. A fornecedora chinesa pretende ampliar essa participação de negócio, apesar da concorrência entre os fornecedores do segmento esteja mais concentrada. A empresa acredita que a demanda por redes privativas pode ser uma oportunidade para entrar no mercado.
Durante um evento em São Paulo, o CEO da ZTE no Brasil, Eliandro Ávila, afirmou que essa empreitada é um desafio, especialmente porque a empresa ficou de fora das implementações do 4G, tornando a entrada no mercado 5G mais complexa. Além disso, as próprias empresas de telecomunicações brasileiras estão reduzindo de três para dois o número de fornecedores com quem trabalham nas redes de acesso.
Em entrevista ao site Teletime, o executivo comentou sobre os novos planos da empresa e explicou alguns detalhes do já que está sendo feito.
Eliandro afirmou que, apesar da concentração existente, isso não impedirá o segundo momento de implementação do 5G. Ele destacou os avanços tecnológicos da empresa, como recursos de eficiência energética e inteligência artificial. Atualmente, testes de conceito RAN estão sendo realizados em duas grandes operadoras móveis, a TIM e a Claro.
A ZTE está buscando se aproximar das operadoras que entraram recentemente no mercado móvel brasileiro através do leilão 5G, principalmente aquelas que ainda não escolheram fornecedores de RAN. Além disso, a empresa também conseguiu fechar três contratos para fornecer soluções de core de redes 5G para empresas como a Unifique.
No curto prazo, a ZTE está focada na demanda por small cells e ativações mais potentes a partir das ondas milimétricas, considerando que isso pode ser um caminho ideal para introduzir o 5G no Brasil e incentivar a utilização em redes privativas. De acordo com Ávila, isso será o começo do envolvimento da ZTE com o mercado 5G brasileiro.
“A gente acredita que nosso começo no 5G brasileiro vai passar por aí, fomentando bastante os usos em redes privativas”, disse o executivo.
Inicialmente, o foco da ZTE é utilizar os recursos em ambiente interno, para depois expandir para atividades externas em locais como estádios. Em parceria com a Claro, a empresa está estabelecendo um laboratório para desenvolver soluções de redes privadas para o segmento B2B.
Outra área de negócios relacionada ao mercado móvel está relacionada à eficiência energética. No entanto, a empresa já tem presença consolidada no fornecimento de baterias de lítio, tendo entregue entre 8 e 10 mil unidades para operadoras de telecomunicações no Brasil apenas no ano passado. Para este ano, a expectativa é vender de 15 a 20 mil baterias desse tipo.
ZTE enxerga vantagens na falta de pressões no supply chain
O CEO da ZTE ressaltou que a falta de pressões no supply chain da empresa é uma vantagem competitiva sobre seus rivais.
Enquanto alguns fornecedores enfrentam problemas e crises decorrentes de embargos norte-americanos, a ZTE não sofre com essas restrições. Embora a empresa tenha sido proibida de atuar nos Estados Unidos, isso não afetou a relação com a tecnologia do país ou sua interoperabilidade.
O CEO mencionou o uso de chipsets de 5 nanômetros em seu portfólio de produtos de ponta, incluindo fornecedores como Qualcomm e Broadcom.
Marca mantém seu trabalho no mercado fixo
A ZTE é uma fornecedora tradicional no mercado fixo brasileiro, líder no fornecimento de terminais ópticos e aparelhos para operadoras grandes e provedores regionais, de acordo com Ávila.
Recentemente, a empresa passou a oferecer WiFi 6 e extensores de sinal mesh para melhorar a qualidade do WiFi. Além disso, a ZTE tem uma participação relevante no mercado de transporte e é fornecedora da Claro em um importante projeto de transformação de redes na região Sul, com mais de 1.000 roteadores IP RAN instalados.
A empresa também tem contratos com TIM, V.tal e ISPs no negócio de transmissão, e conquistou um projeto recente com a Vivo. A marca comemorou essa conquista em um evento promovido pela ZTE nesta segunda-feira.