Empresas de telecomunicações da China se uniram para desenvolver uma nova rede submarina própria mais avançada e de longo alcance de fibra óptica que ligaria a Ásia, o Oriente Médio e a Europa para rivalizar com um projeto semelhante apoiado pelos Estados Unidos, de acordo com fontes ao portal Reuters. O projeto pode intensificar ainda mais a tensão entre o país chinês e os EUA.
Ambos países têm traçado uma guerra tecnológica, desde que o governo norte americano baniu as três principais empresas de telecomunicações da China de operar no país: China Telecom, China Mobile Limited e China Unicom.
A iniciativa das chinesas, chamada EMA (Europe-Middle East-Asia), teria um custo de US$ 500 milhões, cerca de R$ 2,5 bilhões na cotação atual. O cabo proposto ligaria Hong Kong à província insular chinesa de Hainan, antes de seguir para Cingapura, Paquistão, Arábia Saudita, Egito e França, e seria fabricado e instalado com a ajuda de subsídios do governo chinês pela HMN Technologies, uma empresa local que já foi da Huawei.
De acordo com Reuters, o projeto das empresas concorrerá diretamente com outro em consideração que está sendo apoiado pelos Estados Unidos, o SeaMeWe-6, que conectará o Sudeste Asiático, Oriente Médio e Europa Ocidental. Ressaltando que esse projeto, originalmente, incluía a China Mobile, China Telecom, China Unicom, mas uma campanha bem-sucedida de pressão do governo dos EUA alterou o contrato para a SubCom no ano passado, informou a Reuters em março.
Com isso, especialistas em segurança alertam que isso pode intensificar o embate entre os países, e eventualmente até “quebrar” o ecossistema da internet. Acontece que os cabos submarinos transportam mais de 95% de todo o tráfego de internet, sendo que há décadas pertence a certos grupos de empresas de telecomunicações e tecnologia.
Por serem vulneráveis à espionagem e sabotagem, as redes tornaram-se armas de influência em uma competição crescente entre os países. As superpotências estão lutando para dominar as tecnologias avançadas que podem determinar a supremacia econômica e militar nas próximas décadas.
A construção paralela das redes de cabos submarinos apoiados pelos Estados e pela China é um sinal precoce de que a infraestrutura global da internet pode se dividir, segundo especialistas.
“Parece que estamos caminhando para um caminho onde haverá uma internet liderada pelos Estados Unidos e um ecossistema liderado pela China”, afirma Timothy Heath, pesquisador de defesa da RAND Corporation.