A Oi apresentou detalhes sobre o novo plano de recuperação judicial da empresa durante a teleconferência de resultados realizada nesta terça-feira, 23. O plano proposto estabelece condições específicas para cada classe de credores, com tratamento diferenciado para aqueles que fornecem novos recursos financeiros à companhia, ou seja, credores que emprestarão dinheiro em troca de ações.
De acordo com Rodrigo Abreu, diretor-presidente da Oi, o atraso na divulgação do balanço do quarto trimestre de 2022 está relacionado ao processo de apresentação do novo plano de recuperação judicial e não aos números obtidos durante o período.
“O adiamento na divulgação dos resultados se deve à complexidade das discussões, o que ocasionou um atraso de algumas semanas”, afirmou Abreu.
Ele acrescentou que os resultados do primeiro trimestre da Oi serão divulgados nas próximas semanas, assim que os relatórios de auditorias forem normalizados, após a conclusão das negociações com os credores.
Com um montante de dívida de R$ 30 bilhões, a Oi busca alcançar, por meio de um novo plano, uma redução global de 50% de seu débito financeiro, com a conversão desse valor em patrimônio próprio e prazos de vencimento mais estendidos. A empresa também tem a previsão de quitar a dívida entre os anos de 2027 e 2028.
Um dos aspectos negativos identificados no balanço do quarto trimestre da Oi foi a intensa utilização de recursos financeiros, e agora, com o novo plano, a meta da empresa é diminuir em 50% os pagamentos relativos a satélites, torres e cabos submarinos.
Dentre as principais garantias oferecidas pela Oi aos credores que disponibilizam novos fundos, inclui-se a venda de todas as ações da Oi na V.tal – uma subsidiária de fibra ótica controlada pelo BTG Pactual. O valor total arrecadado com essa transação será direcionado ao pagamento desses credores, porém essa garantia ainda depende de aprovações regulatórias.
Adicionalmente, todo o valor proveniente da venda das ações da ClienteCo, uma subsidiária criada a partir dos ativos da Oi Fibra, será destinado exclusivamente aos credores que fornecerem novos recursos financeiros.
No caso de venda de outros ativos durante o processo de recuperação judicial, se a Oi conseguir arrecadar menos de R$ 200 milhões, a totalidade desse montante será destinada à própria empresa. Se o valor obtido estiver entre R$ 200 milhões e R$ 400 milhões, 50% serão distribuídos entre os credores que forneceram recursos financeiros adicionais e aqueles que optarem por refinanciar suas dívidas. Para vendas acima de R$ 400 milhões, a totalidade do valor será direcionada a esses credores.
Resultados financeiros da Oi
No período de outubro a dezembro de 2022, a Oi teve um prejuízo líquido de R$ 17,6 bilhões, o que representa um aumento de 396% em relação ao mesmo período do ano anterior. Durante a teleconferência, o CEO da empresa afirmou que esse resultado foi influenciado pela separação dos ativos de cobre da Oi, o que gerou uma desvalorização contábil de R$ 14,2 bilhões.
“Ao desconsiderar esse impacto contábil, o prejuízo teria sido de R$ 5 bilhões no ano, o que representa uma redução de 51,8% em relação ao ano anterior”, informou a Oi.
O CEO da empresa ressaltou que este ano será focado na consolidação do novo modelo de negócios da companhia, iniciado em 2022, no qual foram realizados cortes na estrutura e um controle rigoroso de custos. A empresa tem três desafios para este ano, de acordo com Abreu: reduzir o endividamento, lidar com questões pendentes e buscar constantemente melhorias nas operações.
Segunda Recuperação Judicial
No final do ano passado, o processo de recuperação judicial da empresa, que durou seis anos, foi encerrado pela Justiça. Durante esse período, a Oi vendeu sua rede móvel para concorrentes, com a transação concluída em abril de 2022.
Em março deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro aprovou o segundo pedido de recuperação judicial da Oi, e a empresa apresentou seu plano completo na última sexta-feira (19).